quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Drops Cinemateca Novas Medias 2/ Jan



O Drops Cinemateca Novas Medias continua sua jornada. Nosso segundo post de janeiro traz mais dois filmes consagrados em festivais de cinema e uma futura aposta para o Oscar 2014. 



1 – Um Estranho no Lago, de Alain Guiraudie: ganhador de uma das premiações mais interessantes do Festival de Cannes de 2013, Um Certain RegardL’inconnu Du Lac (título original) está em exibição nos cinemas do país e é uma experiência pungente. Filmado sem uma única trilha sonora ou música acidental, a obra de Guiraudie trata de uma estação de verão gay na França onde a prática do cruising é rotineira.
Com direito a certa explicitude sexual, não gratuita para a narrativa, e uma rotina, para os personagens, quase tediosa, a qual enseja como princípio último a satisfação orgástica com um novo desconhecido, a trama muda de tom quando um assassinato ocorre, possivelmente envolvendo um frequentador do local, de maneira a explorar primeiro o susto e o decréscimo de turistas na estação, para uma sequente volta gradativa de cruisers, deliberadamente alheios ao perigo.
Ainda ocorre, por sinal, uma narrativa mais focada no personagem do ator Pierre Deladonchamps, o qual se transforma em uma representação de um universo por vezes indiferente, ingênuo e até mesmo consciente de suas ações roleta russa. Com uma crescente sensação de fazer o espectador se sentir indefeso e aterrorizado, este filme consegue subverter uma paisagem paradisíaca e natural para torná-la num ambiente hostil e desconfiado.




2 – Frances Ha, de Noah Baumbach: quem acompanha o trabalho de Baumbach, já sabe que o mesmo possui uma carreira muito legal na direção (caso de A Lula e a Baleia e Margot e o Casamento) e como coautor, ao lado de Wes Anderson (O Fantástico Sr. Raposo e A Vida Marinha com Steve Zissou). Este seu último título, charmosamente filmado em preto e branco e muito tributário de um estilo e humor Woody Allen, mantém uma linha satírica sobre a desconexão contemporânea ao apresentar a excelente Greta Gerwig, a Frances do título, em situações que a enquadram no que poderíamos chamar de uma sonhadora por vocação.
A personagem de Gerwig, uma aprendiz de uma companhia de dança, sonha com o dia em que será chamada para ser uma bailarina oficial. Mas somente sonha. Moradora em trânsito de apartamentos alugados com outras pessoas de sua idade, a mesma vive de economias pequenas e situações humoradas.
É claro que tudo é bastante cartunizado às vezes, mas como não se identificar com a personagem? Acompanhar Frances Há é vivenciar um acúmulo, em um único personagem, de banalidades, as quais nos causam embaraço, mas que são poéticas.




3 – Blue Jasmine, de Woody Allen: a nova obra do diretor americano volta, mais uma vez, para os EUA e entrega outro exemplar de um terreno tão bem trabalho por ele antes. Eu ainda escutei algumas insatisfações por conta deste quase lugar comum de Allen, contudo, a despeito de alguns destes comentários na rede, tive um grande prazer em ver a atuação de Cate Blanchett.
Meu amigo Rodrigo Barata bem fez um paralelo entre Blue Jasmine com outra obra do cinema, A Streetcar Named Desire, do Elia Kazan. Deliberadamente ou não, a narrativa versa sobre duas irmãs, sendo que a mais rica, agora falida, vai tentar superar seu insucesso na casa da outra irmã, de vida mais modesta (a Stella, da obra de Kazan), o que traz aproximações entre as duas obras.
Outro ponto, acerca do personagem do Stanley, por analogia: o ator Bobby Cannavale, o qual aparece como Chili na obra de Allen Cannavale também é conhecido por seu papel na terceira temporada de Boardwalk Empire.


John Fletcher


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