Lúcia Gomes não descansa, e no
transcorrer dos dias e noites sua percepção aguçada ultrapassa as paredes de
pedra e carne para nos trazer, da profundeza dos afetos, proposições de
simplicidade fervorosa e pujante. Sim, nada mais potente que a naturalidade de
um dia qualquer, da vida, dos caminhos ordinários que nos levam ao trabalho, à
escola, ao passeio.
E é nesse momento e nesse lugar,
quando outros olhares querem algo para além das montanhas, que ela nos obriga a
ver a vida e a beleza que se encerra em cada coração, em cada gesto e olhar,
sem pressa, mas sem perder tempo, como nos sugere Saramago.
E assim é Típico de Humanos, uma
performance que não fica em si mesma, que vai ao Homem e propõe a abdicação da
zona de conforto, que convida à ação, sem ensaios ou roteiros, sem combinações.
É estar lado a lado, é o toque leve, o sorriso como um presente; é o ser
simplesmente, e viver em plenitude para o que se foi criado, para o amor e o
amado.
Brasileira e amazônida, 47 anos,
artista desde sempre, militante pela paz e pela igualdade, Lúcia Gomes é
protagonista de sua própria vida, e vem imprimindo em sua trajetória aspectos
singulares de proceder dentro do campo da arte, denunciando desmandos e
dirigindo sua voz a todos sem distinção. Ela acredita na revolução da educação
– por isso faz arte!
Desde os anos 1990 propõe
reflexões por meio de desenhos, pinturas, objetos, esculturas, performances e
instalações, participando de projetos e exposições no Brasil e no exterior
mergulhando sempre nos aspectos políticos do viver e deixar viver, nos dizendo
que o respeito e a valorização à vida e ao meio ambiente é o único caminho para
a salvação. Vive e trabalha em Santo Gallo, na Suíça.
Maria Christina
Primavera de 2014
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