domingo, 4 de maio de 2014

Entrevista com Henry Burnett

Para adentrarmos o universo em que a música e o músico da campanha “Oswald Canibal” encontram-se inseridos, uma breve entrevista ao cantor Henry Burnett, concedida à Enderson Oliveira, do CLIC:




 01. Quais as motivações para a composição da música? De quem é?


- O “mote” da letra foi a leitura do livro “Um homem sem profissão”, primeiro e único volume da autobiografia de Oswald Andrade, que seria escrita em 5 volumes, mas interrompeu-se pela morte do autor. Benedito, ao escrever o livro “Oswald Canibal”, tornou-se um dos principais interpretes daquele que é conhecido pela criação, no Brasil, do movimento literário da Antropofagia. Daí a referência ao “canibalismo” na letra da canção e no título do livro de Benedito.



02. O cenário apresentado na canção pode ser atribuído tanto a Belém quanto SP. Acreditas que as cidades se assemelham em alguns pontos, especialmente nos problemas?
- Acho que o Brasil - principalmente suas capitais - estão cada vez mais parecidas; infelizmente elas se igualam pela destruição, e não pela incorporação de elementos positivos. Por tanto tempo invejamos São Paulo, agora somos uma miniatura de seu fracasso. O cenário pode ser atribuído às artes em qualquer lugar do Brasil. À banalidade e superficialidade da produção “artística” veiculada na mídia (bunda mole, acadêmica, escultural!) e passada ao público como verdade estética universal. Lembre o verso da canção, parafraseado de uma palestra de Oswald sobre artes, “Quem vê de perto não vê, mas a distância, o binóculo, cadê!?”. Além da ponte Belém-SP mais visível no Benedito interprete de Oswald, eis outro fato relevante, que não aparece na canção: Oswald era sobrinho do escritor de Óbidos, “famoso” em Belém, Inglês de Souza, autor das Contos Amazônicos, entre outras… 



03. Como será/ quem são os envolvidos no processo de gravação e produção da música?
- A canção será produzida pelo músico Fábio Cavalcante, que também dividirá comigo a produção do álbum que virá a reboque do videoclipe, e que se chamará Belém Incidental



04. A música fará parte do álbum Belém Incidental. Há previsão para gravação e lançamento do mesmo? O que torna Belém incidental?
- Acredito que o disco possa ser lançado até o final do ano ou início de 2015



05. Como observas a canção e a produção futura do videoclipe em relação ao atual cenário da música paraense e mesmo nacional?
- Não sei bem, talvez um desvio imperceptível no meio da marcha triunfal. Acho a letra da canção muito forte, muito afirmativa, apesar de trágica; a seu modo ela reflete sobre a ambição do modernista Oswald de Andrade e, subliminarmente, cita Benedito Nunes e seu diagnóstico recorrente sobre o esfacelamento de Belém. 

Fique atento às novidades da produção do videoclipe e contribua!

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