Para adentrarmos o universo em que a música e o músico da campanha
“Oswald Canibal” encontram-se inseridos, uma breve entrevista ao cantor
Henry Burnett, concedida à Enderson Oliveira, do CLIC:
- O “mote” da letra foi a leitura do livro “Um homem sem
profissão”, primeiro e único volume da autobiografia de Oswald Andrade,
que seria escrita em 5 volumes, mas interrompeu-se pela morte do autor.
Benedito, ao escrever o livro “Oswald Canibal”, tornou-se um dos
principais interpretes daquele que é conhecido pela criação, no Brasil,
do movimento literário da Antropofagia. Daí a referência ao
“canibalismo” na letra da canção e no título do livro de Benedito.
02. O cenário apresentado na canção pode ser atribuído tanto a
Belém quanto SP. Acreditas que as cidades se assemelham em alguns
pontos, especialmente nos problemas?
- Acho que o Brasil - principalmente suas capitais - estão
cada vez mais parecidas; infelizmente elas se igualam pela destruição, e
não pela incorporação de elementos positivos. Por tanto tempo invejamos
São Paulo, agora somos uma miniatura de seu fracasso. O cenário pode
ser atribuído às artes em qualquer lugar do Brasil. À banalidade e
superficialidade da produção “artística” veiculada na mídia (bunda mole,
acadêmica, escultural!) e passada ao público como verdade estética
universal. Lembre o verso da canção, parafraseado de uma palestra de
Oswald sobre artes, “Quem vê de perto não vê, mas a distância, o
binóculo, cadê!?”. Além da ponte Belém-SP mais visível no Benedito
interprete de Oswald, eis outro fato relevante, que não aparece na
canção: Oswald era sobrinho do escritor de Óbidos, “famoso” em Belém,
Inglês de Souza, autor das Contos Amazônicos, entre outras…
03. Como será/ quem são os envolvidos no processo de gravação e produção da música?
- A canção será produzida pelo músico Fábio Cavalcante, que
também dividirá comigo a produção do álbum que virá a reboque do
videoclipe, e que se chamará Belém Incidental
04. A música fará parte do álbum Belém Incidental. Há previsão para gravação e lançamento do mesmo? O que torna Belém incidental?
- Acredito que o disco possa ser lançado até o final do ano ou início de 2015
05. Como observas a canção e a produção futura do videoclipe em relação ao atual cenário da música paraense e mesmo nacional?
- Não sei bem, talvez um desvio imperceptível no meio da
marcha triunfal. Acho a letra da canção muito forte, muito afirmativa,
apesar de trágica; a seu modo ela reflete sobre a ambição do modernista
Oswald de Andrade e, subliminarmente, cita Benedito Nunes e seu
diagnóstico recorrente sobre o esfacelamento de Belém.
Fique atento às novidades da produção do videoclipe e contribua!
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