segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Drops Cinemateca Novas Medias



2014 está começando e decidimos criar uma faixa de drops para a coluna Cinemateca Novas Medias. 

Para esta primeira versão da faixa, destacamos dois filmes consagrados em festivais de cinema, um blockbuster e um achado nos arquivos. 




1 – A Caça, de Thomas Vinterberg: alguns devem se lembrar deste diretor por Festa de Família. Aqui vem ele, mais uma vez, com uma obra para nos fazer questionar determinadas relações sociais. A premissa é bem simples. Um professor de ensino infantil (Mads Mikkelsen, o vilão de Cassino Royale), em meio a conflitos sobre a guarda do seu filho, é acusado de exibir seu pênis para uma criança. Esta garota, interpretada por Annika Wedderkopp, desempenhando o papel de Klara, ao se sentir rejeitada pela sua paixão pelo professor, dá motivos para que a comunidade na qual vive comece a empreender uma verdadeira perseguição.
Em meio a grandes atuações, esta obra de Vinterberg, antigo componente do movimento Dogma 95, aponta para a fragilidade das relações sociais. Tomamos atitudes, muitas vezes passiva, ao simplesmente aceitar uma informação que nos é contada?
Eleito um dos melhores filmes de 2013 em diversas listas do país, A Caça não pode passar em branco, visto sua abordagem ousada, crível e densa. Não se esqueçam, a missão do cineasta é também a de desconstruir algumas das tradicionais organizações sociais como família, religião, educação.



2 – No, de Pablo Larraín: outro filme muito comentado no ano de 2013, este título reflete o novo cinema chileno, o qual olha para seu passado de maneira profunda, dono de uma inventividade quanto aos modos de se conceber a imagem.
Com Gael García Bernal no papel de um publicitário responsável pela campanha para derrotar a ditadura de Augusto Pinochet, durante o referendo de 1988, este filme é tenso, inteligente e nos faz refletir sobre o poder que a retórica possui, para o bem e para o mal, na hora de visibilizar ou de silenciar energias coletivas.
De certa forma, a película também fortalece coro para certo tipo de publicidade mais crítica – quando o discurso publicitário pode conscientizar. Diferente de tanto do que temos visto atualmente, quando diversos recursos publicitários geralmente optam por nos adormecer quanto a determinados padrões de consumo (e aqui entra em cena o desvario da descartabilidade de bens). O caminho tomado pelo filme de Larraín explora um modelo da informação e da imagem para o consumo, tomado por comunidades periféricas e irregulares da América Latina.


3 – Círculo de Fogo, de Guillermo Del Toro: para sair um pouco dos títulos mais dramáticos, psicológicos, tenho que compartilhar meu lado adolescente com a ótima surpresa que foi ver Pacific Rim, do diretor das obras Labirinto do FaunoHellboy A Espinha do Diabo.
A trama é conhecida por todos os fãs de animes japoneses, caso de Evangelion, bem como das séries live action em que grandes robôs enfrentavam monstros gigantes, geralmente em território japonês. Com efeitos especiais excelentes, direção de arte impecável e um roteiro que nos faz vibrar como se tivéssemos vendo uma final de campeonato, a obra de Del Toro é escapismo bacana.


4 – Bananas is my Business, de Helena Solberg: preciso falar sobre este documentário em torno da vida de Carmem Miranda. Apresentando tanto relatos de seu nascimento em Portugal, da infância e adolescência no Brasil, até sua carreira em Hollywood, então apoiada também pela ditadura Vargas, os arquivos de imagens são escolhidos a dedo e trazem, inclusive, o fatídico dia no qual a atriz e cantora sofreu um ataque cardíaco ao vivo no Ed Sullivan Show.
Acredito que muito se fala, mas pouco se sabe sobre a dama. De certa forma, este filme ajuda para reconstruir passagens de sua carreira, bem como serve de início para muitos que tem interesse em conhecer seus títulos mais relevantes, apresentações inesquecíveis e as respectivas recepções por parte dos públicos.

John Fletcher

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