segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ainda não existe o SOPA, oba!!

Vamos comemorar de forma relâmpago o fato de que ainda não existe o SOPA e nem o PIPA e vamos dar uma chupada geral no cenário. Segue aí um texto "nosso" em primeira mão pra vcs.

Casa de família, classe média. Sala de estar com TV ao centro, sofá, abajur, quadros, outros móveis e apetrechos típicos. Uma saída à esquerda leva para o corredor. À direita, a porta principal, de entrada da casa.
CENA I
Luther e Monty
Monty recostado no sofá lê um livro.
Luther sentado à mesa toma café e permanece muito entediado.

LUTHER
O que é um mapa afetivo da cidade?
MONTY
Pense em um mapa…
LUTHER
Pensei!
MONTY
Agora pense em um mapa sobreposto a esse mapa… o SEU mapa!
LUTHER
Esboçando uma cara de dúvida
MONTY
É mais simples do que você pensa… seu mapa teria por exemplo “pontos turísticos” da sua própria vida ou as rotas que você faz quando sai entediado pela madrugada mas não conta para ninguém.
LUTHER
Não faz o menor sentido…
MONTY
Eu sei que não, mas imagina uma cartografia dos pontos que são importantes só para você. Uma cartografia sentimental, solipsista, mas que você gostaria de compartilhar com os outros…
LUTHER
Mas esse mapa afetivo seria do leitor?
MONTY
Inicialmente não, ele é primeiro uma indicação daquele que pensa, confecciona ou faz o mapa e é justamente ao ser compartilhado que se inicia o jogo. Assim, esse mapa poderá alterar (ou não) esse “outro” que você chama de “leitor”, por exemplo, direcionando seu olhar para um ponto da cidade que passa despercebido ou revestindo um espaço comum e banal com uma história e sensação que não a dele.
LUTHER
Acho que começo a entender, mas ainda fico pensando de que forma isso poderia acontecer e ser compartilhado…
MONTY
Talvez experimentando desenhar mapas ou escrever indicações de locais que você quer compartilhar em banheiros sujos pela cidade… ou em xerox de mapas alterados, deixado nos bancos do metro, ônibus, praças…. usando a internet para divulgar anonimamente seus mapas, esperando que alguém um dia se interesse por eles. Sei lá, propondo ao seus amigos jogos idiotas de caça ao tesouro pela cidade. As possibilidades são infinitas e basta…
LUTHER
Interrompendo-o
Tá, entendi!
MONTY
… encontrar pontos importantes para cada um de nós…
LUTHER
Você escutou?! Eu já entendi!
MONTY
…. que serviriam para montar um percurso para esse “outro”, “leitor”, “jogador”.
LUTHER
Cara, você nunca sabe a hora de parar!
MONTY
Seja propondo efetivamente um percurso ou apenas um novo olhar.
LUTHER
Cala a boca!
Monty fica em silêncio.
LUTHER
Ainda me resta uma dúvida: se um mapa não é o território, o que ele é afinal?
MONTY
Eu sinceramente não sei! Longe de te dar qualquer resposta eu só queria que você parasse de me encher o saco…

Texto: Ricardo Macêdo - massagista e professor de artes.

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