Luizan Pinheiro1
“A carne, a arte arde, a tarde cai, no abismo das esquinas. A brisa leva traz o olor fugaz do sexo das meninas”.
Da brancura infinita. a pele. a pele que sai da pele. a esconder qualquer voz que a
demarque. des.marcação in.visível. o silêncio da própria tessitura que a constitui a inibir
qualquer mote. o monte no céu. o cio sob(re) nuvens. mergulha no fundo do
branco.azul. desliza sobre o silêncio e desfigura o tanto. ela que lá está. da beleza. o
corpo. percurso singelo sobre rodas entontecidas num frêmito de olhares vadios. a
brancura rege o tempo da matéria. a fibra sintética floresce por todo o espaço. agora
sim. projeta-se no pós.vazio. toma os olhos de todos. como a re.velar a nudez que
zomba de Eros. este. apartado da cena. pois sua força já é toda branda. branca. o
movimento sobre rodas tira o foco do que poderia ser sedução. tesão. tara. há mais
branco aqui do que supunha a vertigem de um felino a vacilar na busca da brancura da
carne. do sangue não mais. mas algo mais. o dizer de um lugar perdido de quem o corpo
se flagra no vislumbre de um abrigo fluido. nuvem. nudez embranquecida a engendrar
na corporeidade de sua imponderabilidade os sentidos de estranhos. acusam
movimentos tortos sobre rodas. rotas. lá onde o chão que a descreve permite o fake do
antro fechado a falsear o fora. boxing Luciana. antro fechado na composição do
para embebedar corpos. o real é entre. entretenimento do que cabe na arte sua
pulsação do jogo. do ardil. entrevisto num devir sobre rodas no que sugere o aberto no
fechado. o fora no dentro. o virtual é fluido a emanar do in.color. fluidez da ninfa de
púbis setentista a des.aparecer no incorpóreo do espaço virtual. virtualidade oblíqua a
definir um todo na tez matizada em róseos e brancos. o desaparecimento é a condição
de que o silêncio é todo tomado por ele mesmo. o silêncio. olhos de não.mais.se.ver
remetem a um tempo longínquo que a imagem esvazia. esvaziamento todo carregado
de uma lentidão que afirma a rapidez a um paraíso desinvestido da referência felliniana.
a que se dá no título. e no outro ponto tem.se o rumor de vôo. toco então um Bach. o
Richard do poético Fernão Capelo Gaivota. do mesmo o outro vôo. “o paraíso é uma
questão pessoal”. todo paraíso pode ser perdido. ou alcançado segundo o que se quer
que seja paraíso. ou se todo paraíso que se quer que seja paraíso está sempre longe. no
não existe nunca se chega ao paraíso nem mais rapidamente ou lentamente. talvez só
sonolentamente. durma com um silêncio desse. porque o sono é o possível de uma
recomposição ao visual. é esta sensação disparada pelo tempo da videoinstalação na
pulsação da brancura infinita de que se sustenta a armadilha-Luciana. pode ser que
crítico.poética intensificada num des.lugar. o corpo. em registro fluido da fêmea no
deslize das emanações de um olor fugaz do sexo da moça . o sexo da moça branca nua
não se demora no revés do olhar. é menos sexo. mesmo sendo. tudo ali é fugaz. nunca
andar sobre aros entontecidos o fora. a fugacidade é corte no vazio de quem entra no
jogo da ninfa silenciosa e seu quase.riso. quase.sexo. quase. quasímodos a olhar a moça
na sua fuga para o paraíso. deixando em aberto a condição outra do jogo. regido por um
pequeno demônio a levar os expectadores sobre rodas a sentirem-se mais leves. num
falso.céu adocicado. adocicado sim pela substituição neste críticolhar da fibra sintética
por algodão.doce. porque a vida é doce como queria o Lobo que era mau. e por um
tempo efêmero a vida passa sobre rodas. a nos dizer de um paraíso que se quer para
além da fugacidade que a videoinstalação sugere. construído numa passagem que a
arte abre. está.se diante de um dizer que é quase.mudo na sua fração de arte. fração
que é força de silêncio. tanto no vôo quanto na queda das rodas. mais lentamente para
o paraíso tem uma verdade.fêmea que se expressa num domínio incessante do corpo da
obra e do corpo.imagem da artista. toda. a obra. fechada como corpo no cubículo
real.virtual de que é necessário pisar. e se “para pisar no coração de uma mulher basta
calçar um coturno com pés de anjo noturno”3 na fina ambigüidade perceptiva de Chico
Cesar. para pisar em mais rapidamente para o paraíso de Luciana Magno basta calçar
patins.
Ao som de Turn do disco
The Man Who (1999) do Travis.
1. Doutor em Artes Visuais (História e Critica de Arte) pela UFRJ. Professor da Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte - FAV/ICA da UFPA e do Programa de Pós-Gaduação em Artes-PPGARTES do mesmo Instituto.
2 O Homem Velho.Música de Caetano Veloso do disco Velô e Banda Nova (1984).
3 Mulher Eu Sei. Música de Chico Cesar do disco Aos Vivos (1995).
2 O Homem Velho.Música de Caetano Veloso do disco Velô e Banda Nova (1984).
3 Mulher Eu Sei. Música de Chico Cesar do disco Aos Vivos (1995).
O texto acima faz referência a exposição "Mais Rapidamente Para o Paraíso" De Luciana Magno, Prêmio SECULT de Artes Visuais 2010. E está em exposição na Casa das Onze Janelas, sala Gratuliano Bibas em Belém PA, até o final do mês de julho.
10 comentários:
Um saco esse texto, parece que tentou imitar o Saramago de patins
Isso sim é uma crítica!!! (me refiro ao comentário acima, claro)
Isso sim é uma crítica!!! (me refiro ao comentário acima, claro)
Putz, "crítica das críticas , e é tudo crítica" GENESIS, I. IV.
Ricardo Macêdo
Hahahaha
Tem momentos em que gostei do texto e outros momentos que deu nos nervos. E se a Luciana não estivesse nua(o que agradou grande parte do público masculino)ou não agradasse os vossos olhos, será que a crítica teria outra cara? Uma crítica mais ou menos crítica, direta ou objetiva sobre a exposição ou sobre a própria Luciana? Acredito que o fato de nossa camarada ser bonita e sensual pode ofuscar o modo de olhar para seus trabalhos em alguns momentos, e assim, olharmos mais para "a" Luciana, do que para o que ela tem a dizer. Agora, que essa comparação com o Saramago foi engraçada, foi. Que crítica!
eu cochilei lendo essa chatice.
Me pergunto o quanto de anônimas existem nesses anônimos. A mulherada do cotovelo e do espelho quebrado hahahhahh
Ricardo Macêdo
Eita! Bom, o lado bom dos anônimos é a "sinceridade" nos comentários, agora o lado ruim é que são anônimos. Mas não deixem de comentar não que apesar disso, pelo menos eu, me divirto um bocado as vezes.
É isso aí anônimo(a)faz outra crítica aí pra gente ver..."Trafica cara, trafica!!" (Os escrotinhos apud Angeli, 1987)ahhahha
Ricardo Macêdo
Sabemos que um outro texto está sendo produzido, mas, sobre o outro artista que está expondo na Casa das Onze. Mas, não é um texto muito feliz....
Ricardo m.
Postar um comentário