segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Da brancura infinita ao olor fugaz

Da brancura infinita ao olor fugaz em Mais Rapidamente Para o Paraíso de Luciana Magno
Luizan Pinheiro1

“A carne, a arte arde, a tarde cai, no abismo das esquinas. A brisa leva traz o olor fugaz do sexo das meninas”.









Da brancura infinita. a pele. a pele que sai da pele. a esconder qualquer voz que a

demarque. des.marcação in.visível. o silêncio da própria tessitura que a constitui a inibir

qualquer mote. o monte no céu. o cio sob(re) nuvens. mergulha no fundo do

branco.azul. desliza sobre o silêncio e desfigura o tanto. ela que lá está. da beleza. o

corpo. percurso singelo sobre rodas entontecidas num frêmito de olhares vadios. a

brancura rege o tempo da matéria. a fibra sintética floresce por todo o espaço. agora

sim. projeta-se no pós.vazio. toma os olhos de todos. como a re.velar a nudez que

zomba de Eros. este. apartado da cena. pois sua força já é toda branda. branca. o

movimento sobre rodas tira o foco do que poderia ser sedução. tesão. tara. há mais

branco aqui do que supunha a vertigem de um felino a vacilar na busca da brancura da

carne. do sangue não mais. mas algo mais. o dizer de um lugar perdido de quem o corpo

se flagra no vislumbre de um abrigo fluido. nuvem. nudez embranquecida a engendrar

na corporeidade de sua imponderabilidade os sentidos de estranhos. acusam

movimentos tortos sobre rodas. rotas. lá onde o chão que a descreve permite o fake do

antro fechado a falsear o fora. boxing Luciana. antro fechado na composição do

mundo.caixa de construção do movimento em duplicidade. o real e o virtual. dose dupla

para embebedar corpos. o real é entre. entretenimento do que cabe na arte sua

pulsação do jogo. do ardil. entrevisto num devir sobre rodas no que sugere o aberto no

fechado. o fora no dentro. o virtual é fluido a emanar do in.color. fluidez da ninfa de

púbis setentista a des.aparecer no incorpóreo do espaço virtual. virtualidade oblíqua a

definir um todo na tez matizada em róseos e brancos. o desaparecimento é a condição

de que o silêncio é todo tomado por ele mesmo. o silêncio. olhos de não.mais.se.ver

remetem a um tempo longínquo que a imagem esvazia. esvaziamento todo carregado

de uma lentidão que afirma a rapidez a um paraíso desinvestido da referência felliniana.

a que se dá no título. e no outro ponto tem.se o rumor de vôo. toco então um Bach. o

Richard do poético Fernão Capelo Gaivota. do mesmo o outro vôo. “o paraíso é uma

questão pessoal”. todo paraíso pode ser perdido. ou alcançado segundo o que se quer

que seja paraíso. ou se todo paraíso que se quer que seja paraíso está sempre longe. no

mesmo registro bachiano. “longe é um lugar que não existe”. e se longe é um lugar que

não existe nunca se chega ao paraíso nem mais rapidamente ou lentamente. talvez só

sonolentamente. durma com um silêncio desse. porque o sono é o possível de uma

recomposição ao visual. é esta sensação disparada pelo tempo da videoinstalação na

pulsação da brancura infinita de que se sustenta a armadilha-Luciana. pode ser que

alguém caia na armadilha in-suspeita. o que nos leva a um outro eixo desta armação

crítico.poética intensificada num des.lugar. o corpo. em registro fluido da fêmea no

deslize das emanações de um olor fugaz do sexo da moça . o sexo da moça branca nua

não se demora no revés do olhar. é menos sexo. mesmo sendo. tudo ali é fugaz. nunca

andar sobre aros entontecidos o fora. a fugacidade é corte no vazio de quem entra no

jogo da ninfa silenciosa e seu quase.riso. quase.sexo. quase. quasímodos a olhar a moça

na sua fuga para o paraíso. deixando em aberto a condição outra do jogo. regido por um

pequeno demônio a levar os expectadores sobre rodas a sentirem-se mais leves. num

falso.céu adocicado. adocicado sim pela substituição neste críticolhar da fibra sintética

por algodão.doce. porque a vida é doce como queria o Lobo que era mau. e por um

tempo efêmero a vida passa sobre rodas. a nos dizer de um paraíso que se quer para

além da fugacidade que a videoinstalação sugere. construído numa passagem que a

arte abre. está.se diante de um dizer que é quase.mudo na sua fração de arte. fração

que é força de silêncio. tanto no vôo quanto na queda das rodas. mais lentamente para

o paraíso tem uma verdade.fêmea que se expressa num domínio incessante do corpo da

obra e do corpo.imagem da artista. toda. a obra. fechada como corpo no cubículo

real.virtual de que é necessário pisar. e se “para pisar no coração de uma mulher basta

calçar um coturno com pés de anjo noturno”3 na fina ambigüidade perceptiva de Chico

Cesar. para pisar em mais rapidamente para o paraíso de Luciana Magno basta calçar

patins.

Ao som de Turn do disco
The Man Who (1999) do Travis.

1. Doutor em Artes Visuais (História e Critica de Arte) pela UFRJ. Professor da Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte - FAV/ICA da UFPA e do Programa de Pós-Gaduação em Artes-PPGARTES do mesmo Instituto.
2 O Homem Velho.Música de Caetano Veloso do disco Velô e Banda Nova (1984).
3 Mulher Eu Sei. Música de Chico Cesar do disco Aos Vivos (1995).

O texto acima faz referência a exposição "Mais Rapidamente Para o Paraíso" De Luciana Magno, Prêmio SECULT de Artes Visuais 2010. E está em exposição na Casa das Onze Janelas, sala Gratuliano Bibas em Belém PA, até o final do mês de julho.

10 comentários:

Anônimo disse...

Um saco esse texto, parece que tentou imitar o Saramago de patins

Amanda Jones disse...

Isso sim é uma crítica!!! (me refiro ao comentário acima, claro)

Amanda Jones disse...

Isso sim é uma crítica!!! (me refiro ao comentário acima, claro)

Anônimo disse...

Putz, "crítica das críticas , e é tudo crítica" GENESIS, I. IV.

Ricardo Macêdo

Bruno Cantuária disse...

Hahahaha
Tem momentos em que gostei do texto e outros momentos que deu nos nervos. E se a Luciana não estivesse nua(o que agradou grande parte do público masculino)ou não agradasse os vossos olhos, será que a crítica teria outra cara? Uma crítica mais ou menos crítica, direta ou objetiva sobre a exposição ou sobre a própria Luciana? Acredito que o fato de nossa camarada ser bonita e sensual pode ofuscar o modo de olhar para seus trabalhos em alguns momentos, e assim, olharmos mais para "a" Luciana, do que para o que ela tem a dizer. Agora, que essa comparação com o Saramago foi engraçada, foi. Que crítica!

Anônimo disse...

eu cochilei lendo essa chatice.

Anônimo disse...

Me pergunto o quanto de anônimas existem nesses anônimos. A mulherada do cotovelo e do espelho quebrado hahahhahh

Ricardo Macêdo

Bruno Cantuária disse...

Eita! Bom, o lado bom dos anônimos é a "sinceridade" nos comentários, agora o lado ruim é que são anônimos. Mas não deixem de comentar não que apesar disso, pelo menos eu, me divirto um bocado as vezes.

Anônimo disse...

É isso aí anônimo(a)faz outra crítica aí pra gente ver..."Trafica cara, trafica!!" (Os escrotinhos apud Angeli, 1987)ahhahha

Ricardo Macêdo

NOVAS MEDIAS disse...

Sabemos que um outro texto está sendo produzido, mas, sobre o outro artista que está expondo na Casa das Onze. Mas, não é um texto muito feliz....

Ricardo m.