quarta-feira, 2 de junho de 2010

Outros Prazeres ou Aquilo que Amou ter de Volta abre nesta quarta na Casa das 11 Janelas

Um mergulho no acervo da Casa das 11 Janelas, traz a público obras importantes da história da arte nacional, é o que se vê na mostra Outros Prazeres ou Aquilo que Amou ter de Volta, constituído a partir de uma sensível e potente observação sobre o acervo da instituição. O desejo, já antigo, de rever e relacionar as obras foi o que motivou a curadoria da mostra, assinada por Orlando Maneschy, artista, pesquisador da UFPA. Desejo esse que se fortaleceu por constatar que poucas instituições que detém acervo contemporâneo em Belém trazem à luz as obras após uma primeira exibição, deixando-as relegadas ao fundo dos acervos, onde, muitas vezes, “passam por lentos processos de esquecimento, quando não de deteriorização”, aponta Maneschy.

Na mostra se vê grandes nomes do cenário nacional, alguns com diversas passagens por bienais ao redor do mundo, como Miguel Rio Branco. “Mas o sucesso do artista não foi uma das regras para a seleção. Na verdade, as obras falam forte em mim. A maioria delas fazem parte de um conjunto doado pela Funarte há anos e algumas nunca haviam sido vistas direito em Belém”, revela. Para o artista curador o importante são as relações que as obras estabelecem entre si.

Courtney Smith, Douglas Marques de Sá, Laura Vinci, Newton Mesquita, Marco Paulo Rolla, Hildebrando Castro, Adir Sodré, Miguel Rio Branco, Cildo Meireles, Lina Kim, Nazaré Pacheco, Yiftah Paled, Laércio Redondo, Marcelo Coutinho, Paulo Climachauska, Rosângela Rennó, José Guedes, Cláudia Leão e o próprio Maneschy são os artistas presentes na exposição.

O que se vê são obras que, procedentes de diversas décadas (do final dos anos 70 até os anos 1990) e premiadas, revelam momentos particulares da produção desses diferentes artistas que constituem a cena da arte contemporânea nacional. “Elas só estão no acervo por terem sido premiadas, selecionadas para integrar uma coleção. Pensá-las na produção de seus autores depois de um tempo nos leva a refletir sobre os percursos destes e sobre a própria natureza dos acervos dos museus em Belém e no resto do país. Por estas obras em diálogo propicia estranhamentos essenciais para quem quer pensar a arte brasileira”, afirma Maneschy.

É uma exposição que, longe de ser didática, apresenta uma forte leitura por aproximar a obra desses artistas. Forte, por ora tensa, bela e de inteligente articulação, Outros Prazeres ou Aquilo que Amou ter de Volta é uma exposição inesperada e instigante, pois não se dispõe meramente a exibir obras de forma isolada como tanto se vê, mas por constituir densas relações entre obras exibidas, que nos fazem pensar na vida, sobre a imagem e sobre o verdadeiro prazer de ser tomado pela arte. Talvez seja o que Maneschy já nos confessa com o título que deu à mostra: o seu prazer em ver novamente essas obras e pensar com elas, sobre elas, a partir delas. Pensar com elas sobre seus olhos, colocando-as num lugar mais prazeroso que o velho acervo, bem diante de nossos olhos.

SERVIÇO: Outros Prazeres ou Aquilo que Amou ter de Volta - um diálogo com o acervo da Casa das 11 Janelas - curadoria Orlando Maneschy. Abertura 2 de junho, às 19:30h, na Sala Valdir Sarubbi da Casa das 11 Janelas.

Período: de 04 de junho a 11 de julho de 2010, de terça a domingo , de 10h às 16h - feriados : de 09h às 13h.

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