Durante o ano de 2009, Carla Evanovitch entrou nos ônibus da Região Metropolitana de Belém a fim de estabelecer diálogo com os personagens urbanos, focando seu olhar especialmente nas pessoas que entram no transporte coletivo distribuindo papéis que relatam histórias tristes e pedem ajuda em dinheiro aos passageiros.
Carla relaciona esse procedimento urbano com a linguagem artística performance, por compreender que existe um potencial performático muito intenso nessas ações, ainda que executadas sem essa compreensão.
Trabalhando elementos de memória visual e auditiva, Carla chama a atenção para essas narrativas que de tão difundidas no meio urbano já fazem parte do imaginário coletivo. Na última parte da pesquisa, a artista entrou em diversos coletivos para registrar a performance executada por um ator, que na ocasião distribuía papéis que traziam a foto de Carla e uma história criada pela mesma, colocando-se através desse texto como pedintes, potencializando sua ação inspirada nas comoventes histórias de vidas registradas em objetos e entrevistas realizados na decorrer do projeto.
Deste modo, em sua segunda exposição individual, abordando questões urbanas, Carla Evanovitch afirma que não é possível dizer com toda certeza o que se passa por esse universo urbano, visto que apesar de suas semelhanças, cada um desses sujeitos pesquisados carrega seu próprio universo, com peculiaridades e pesares que apesar do ponto em comum, são únicos e inteiramente carregados de subjetividades.
Como resultado da pesquisa, a artista leva para o espaço expositivo recortes de histórias coletadas em forma de depoimentos e os textos que os mesmos entregam nos ônibus, coletados durante a pesquisa e denominados: Objetos Performáticos. Termo criado para definir um procedimento urbano intrinsecamente ligado a esses personagens da cidade, relatando parte de sua rotina, através de uma ação que beira ao ficcional, ao dramatúrgico, na mesma medida em que Carla afirma a respeito dessas narrativas: O que não é real é verossímil, e isso basta. Há entre essas histórias, inclusive, outros personagens fictícios criados pela artista.
Murilo Rodrigues
Artista Visual e Arquiteto Urbanista
http://www.flickr.com/photos/murilorodrigues/
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SERVIÇO:
RESULTADO DA BOLSA DE PESQUISA, EXPERIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO ARTISTICA DO INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ - IAP.
Local: Casa das Onze Janelas (Laboratório das Artes)
Abertura: 15 de Dezembro de 2009
Período: 15 de Dezembro a 31 de Janeiro
Contatos: (91) 8133 7908
3 comentários:
O nome do performer que distribuiu os papéis nos ônibus é Bruno OLIVEIRA.
Bruno Oliveiratuária...
O importante é que já tá no curriculo!
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