terça-feira, 28 de junho de 2011

CINEMA: "Um homem que grita" no Cine Libero

2 comentários:

Anônimo disse...

Responda rápido, caro leitor: quantos filmes africanos assistiu na vida? Se a resposta for superior a zero, parabéns, você está bem acima da média.

A responsabilidade de tamanha ausência do cinema feito na África nas telas, e até locadoras, brasileiras se dá por uma série de fatores. Entre eles a dificuldade de fazer cinema no próprio continente, que faz com que a quantidade de filmes produzidos seja bem menor que no restante do planeta. Além disto há uma espécie de distanciamento do mundo em relação ao que acontece na África, um quase que "virar as costas". Pouco se sabe o que acontece por lá, o que permite que os estereótipos do trinômio fome/guerra civil/miséria sejam considerados uma constante. Em alguns casos até são, mas referentes a certas localidades e não ao continente como um todo. A generalização é outro problema recorrente, pelo qual o próprio cinema africano também passa.

A chance de conferir um filme africano depende, em grande parte, das premiações internacionais. Um Homem que Grita, novo trabalho do diretor Mahamat-Saleh Haroun, apenas chega aos cinemas brasileiros por ter sido laureado no Festival de Cannes, onde ganhou o Prêmio do Júri. Caso contrário, possivelmente jamais estrearia por aqui.

A história é centrada em Adam, um ex-campeão de natação que agora se dedica a cuidar da piscina de um hotel de luxo. Ele trabalha com o filho Abdel e leva uma vida simples, porém feliz. Até que um dia um grupo de investidores compra o hotel e nele promove uma reorganização. Já não é mais necessária a presença de duas pessoas para cuidar da piscina, o que faz com que Adam seja transferido para a portaria. Infeliz com a situação, já que considera a piscina sua vida, Adam murcha cada vez mais. E a situação piora ainda mais quando, sem dinheiro para pagar o governo, é obrigado a entregar Abdel para lutar em nome do país contra os rebeldes que promovem uma guerra civil.

Um Homem que Grita usa o difícil panorama político existente no Chade para apresentar uma história de certa forma simples, mas de grande importância local. Há o explícito tom de denúncia, tanto na ocorrência da guerra civil como nas condições de vida de Adam e sua família, estas decorrentes das consequências do mundo capitalista que rege, praticamente, todo o planeta. Diante disso, o que se vê é um filme humano, onde as tradições e a honra possuem grande valor porque a própria população local também as considera desta forma. É um filme que retrata, de forma fiel, a situação existente no Chade. Não na África como um todo, mas neste país em especial. Bom filme.

Anônimo disse...

Obrigado pela contribuição.

Ricardo Macêdo