quarta-feira, 1 de junho de 2011

http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/4809

Por uma anarquia anti-total

(;;;) Que se exija então a coerência ao anarquismo idealista. Onde está a insurreição armada deste movimento? A análise que fazem ao movimento heterogéneo pela Democracia Real YA, acerta quase sempre, mas falta-lhes a mesma lucidez para tirar as devidas consequências do que dizem acreditar. Será que este movimento proto-violento precisava da legitimidade deste movimento “que defende a continuidade do sistema capitalista” para finalmente seguir a acção violenta? Precisava da “autoridade” de “um discurso vazio” para fazer o seu próprio espectáculo? Julgo que terão lido bastas vezes Durruti e o que ele afirmava em plena guerra civil espanhola: “precisamos de aviões para vencer, não de latas de sardinhas…”. Convém lembrar que estamos em 2011, e que uma consequência de o “sistema funcionar perfeitamente” é ter criado um fosso entre quem detém e exercer a força da violência. E esse fosso nunca foi tão abissal. Evocar a insurreição do EZLN é ridículo e demonstra que a este proto-movimento violento, não faltam só as condições materiais, como lhes falta o mínimo bom senso do que é um combate pela via armada. Por certo que na cidade do México não faltarão anarquistas insurreccionais, bem mais sensatos e preparados para perceberam que desocupar do império estatal uma região montanhosa, periférica, campesina, não é o mesmo que fazê-lo no meio urbano, centralizado, estatizado.
Este movimento crê também ele no seu próprio espectáculo: a violência mimética, inútil e simbólica (e a violência simbólica, não o esqueçamos, é um prodígio do capitalismo e do Estado) como solução para transformar a vida e destruir o capitalismo. Mas o idealismo com que olham para uma hipotética insurreição, é o mesmo com que olham por grosso e preconceituosamente sobre as todas as pessoas que se juntam nas acampadas. Como se a proposta insubmissa do anarquismo, tivesse de desprezar a dinâmica processual que melhor caracteriza um anarquismo anti-idealista, anti-elitista. Como se não fosse uma incoerência pensar-se a transformação da realidade que este grupo deseja só com uma descrição certa e unívoca do anarquista idealizado. Se estes anarquistas são de linhagem, (os anarquistas reais? da realeza?) outros chegarão lá transformando-se e transformando a base das relações de poder que estabelecem, aprendendo na prática a espalhar a anarquia. Se parece claro que o movimento anarquista em geral possui uma compreensão das causas do sistema em que vivemos bem mais certeira que a dispersão gelatinosa do movimento 15 M, estes auto-intulados (ironicamente, percebe-se) “terroristas antisistema antisociales violentxs” têm algo em comum com muitos dos acampados: o desespero do beco sem saída. (...)
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