segunda-feira, 11 de outubro de 2010

FANZINES EM BELÉM NA DÉCADA DE 90?

Zine do ABC Paulista

Tenho duas amigas jornalistas. Antes de começarmos as entrevistas nesse blog, fui à elas pedir auxílio, queria saber como eu poderia fazer uma boa entrevista. Uma delas me respondeu: “Vá fazer quatro anos de jornalismo em uma Universidade!!” Algo muito motivador e estimulante... pensei. Depois de mais algumas investidas, ví que ela por algum motivo, não queria mesmo me ajudar, então, começamos aqui no blog a partir de um antigo lema punk: “Faça você mesmo!”.
É com essa frase que inicio essa matéria sobre fanzines. Para aqueles que não conhecem, fanzine, era...digamos...o avô do blog. Era uma publicação alternativa e despojada, underground mesmo, uma revistinha toda colada, datilografada, montada em papel A4 ou em dimensões menores, com imagens recortadas de revistas, fotos de amigos, desenhos toscos (aliás, tudo era tosco), entrevistas com bandas locais, muita militância anarquista, textos niilistas, informações sobre shows de bandas de rock de outros Estados, manifestos vegans, feministas, carecas, anarco-punk`s, enfim, era uma maneira de divulgar o que ocorria no sub-mundo da cultura alternativa ou underground, ou dar voz a discursos de margem.
Zine de skate do Nordeste
Em Belém os skatistas e os punk`s tinham seus zines e divulgavam sua culturas específicas, lembro do Animal skate zine (infelizmente ele só foi até a segunda edição), que divulgava no inicio da década de noventa entrevistas e fotos com skatistas locais. As fotos eram feitas por um cara chamado Amaury, fotos de boa qualidade. Alguns ex-skatistas trilharam outros caminhos, como é o caso do Ruy Montalvão, integrante da banda Rádio Cipó ou tornaram-se Promotores de justiça, como é o caso do Márcio “Ollie air”.  Os zines punks, como o: “Ovelha negra” e o “Impulso ingovernável” (ambos do Matheus), o “Foco de revolta” do Sandro e o zine “Secreção esporádica” do Jaime Catarro (vocalista da banda Delinqüentes), divulgavam manifestos e bandas. Sem falar no sistema de compra e venda de adesivos, fitas cassetes, camisas e outros zines, pelo correio.
 Os punks reuniam-se, entre outros locais, na praça das Mercês ou no Centur: Matheus, Sérgio, Tijolinho, Pau de rato, Fábio, eram alguns dos caras da época que divulgavam cada um a seu modo o movimento. Aliás, o Sérgio ainda divulga um material muito bom, ele vende uns dvd`s ali na frente do colégio Gentil Bitencourt na Av. Nazaré. Haviam também fanzines feministas e headbanguers. Lembro de um em especial que era confeccionado com desenhos e textos feitos com carvão, não recordo o nome do zine agora, mas, sei que o cara que editava era o Bala, vocalista da antiga banda Stress (tida como a primeira banda a gravar um Lp de heavy metal no Brasil em 1975).    
Ah, sim, existia um sistema de compra e venda clandestino. Malocava-se algumas cédulas em um pequeno maço de papel dentro da carta e esperava-se que o cara lá em Porto Alegre, por exemplo, mandasse o zine, a fita cassete (demo), o Ep ou outro material via carta para sua casa, e geralmente era certeza, a coisa chegava, pois os caras queriam divulgar o material. Também existia um circuito de trocas, nós mandávamos zines daqui e eles mandavam zines de lá. A compra de fanzines geralmente era feita através de selos, era só passar uma camada de cola em cima do selo, para que quando chegasse no destinatário, ele fosse retirado usando água, que saia juntamente com o carimbo do correio, para ser usado de novo, de novo e de novo em outra carta.
Um flyer do meu zine sendo divulgado em um
zine de São Paulo.
As divulgações dos outros zines ocorriam através de flyers que vinham soltos dentro das cartas, de todas as cores e tamanhos, lembro que os do sul do país eram mais descolados e criativos e o dos punks do ABC paulista eram bem toscos e agressivos, lembro de muitas bandas que estão aí hoje na mídia, que divulgavam na época seu material via correios, zines e flyers, bandas como: Los Hermanos, Charlie Brown Jr, a falecida banda Raimundos, Pato Fu, O rappa, Boi mamão, etc.
Muitas boas bandas cresceram no underground e morreram por lá mesmo, seguindo o ideal de Yan Mckei líder da banda Fugazí e do antigo Minor Threat (ícones do movimento straigh edge contra o consumo e as corporações), Safári Hambúrguer, I.H.Z, rapeize lá de Santos/SP, que sempre mandaram ótimas bandas para o cenário alternativo. Essas e outras bandas fizeram muito sucesso na cena alternativa, e divulgavam seu material fonográfico e ideológico por meio dos zines e revistas especializadas (não estamos falando de revistas nos moldes da antiga Bizz). Negavam vender seu material para a mídia, cresceram e morreram dentro dos zines e divulgações marginais.
Hoje temos algumas bandas seguindo uma linha de raciocínio similar utilizando a internet. A banda performática “Teatro mágico” é uma delas, os caras têm uma ideologia (se é que posso usar tal termo), por trás das apresentações, tem um certo ativismo que rejuvenesce um tipo de atitude típico das bandas e zines que aconteciam pelos correios. Também sei de um movimento chamado Teenage Pop Fanzine Revolution (Fonte: revista Coquetel molotov, 2° semestre, 2008, n° 8), que vem ressuscitando a cultura dos zines. Os jovens fazem os zines ainda no papel e os xerocam, tal como era feito na origem, vai aí algumas dicas de uns bons zines dessa nova safra: Bottle Rocket, Sapricot e Iconoclastic Cardies.
Em Belém tiveram vários zines, mas aqui em casa eu tenho mais zines de fora, e apenas alguns daqui de Belém, vai aí dois dos zines que circularam na década de noventa por aqui, e claro, um deles foi o meu....rsrs...desculpem, eu não perderia essa chance.
O Banthis – Skate rock zine, foi um zine que eu criei e durou três edições entre os anos de 1995 e 96, tinha entrevistas com bandas, endereços, textos ativistas, fotos da galera de skate, endereços de muitas bandas e zines de fora, lembro que na época conheci o Júlio da banda Pinhead (Curitiba) e o Rodrigo Lariu, hoje dono de uma gravadora e produtora. O cara tinha um zine só sobre cinema chamado “Midsummer Madness”, bandas, filmes, shows e zines, um dinheiro, custava o Midsummer via real malocado na carta. O “Tinoko” foi outro zine que existiu em Belém na década de noventa, feito pelo casal (na época): Vladmir Cunha e Gisele Vasconcelos. O zine deles era bem divertido, tinha alguns colaboradores, estórias malucas meio dadaístas, quadrinhos, bandas de rock, biografias, etc.
 Em Belém tinha também o “Ponto de fuga” local que reunia desenhistas (a idéia na verdade partiu deles, Joe Bennett , Marcelo Marat, etc), punk`s, universitários e skatistas. Consegui um texto de um blog chamado "Ivancarlo.blospot.com" sobre o ponto de fuga, segue: "O Ponto de Fuga foi o primeiro grupo de quadrinhos de Belém. Graças às exposições e fanzines realizados pelo grupo que toda uma geração despertou para a Nona Arte. Só para ter uma idéia, durante a primeira exposição, várias pessoas nos procuraram para perguntar se era verdade que os quadrinhos eram feitos por seres humanos (eles achavam que roteiro e desenho eram feitos por robôs). Hoje, Belém é conhecida como terra de bons quadrinistas. Muitos desenhistas trabalham para os EUA (o pioneiro e mestre dessa garotada é o compadre Joe Bennett), gente trabalhando para ao Europa (como o amigo Miguel Delalor), outro investindo em editais (como o pessoal de Belém Imaginária e Encantarias) e outros publicando suas revistas com a cara e a coragem, como o pessoal do Quadrinorte e o Alan Yango. É tanto gente produzindo bons quadrinhos que com certeza estou esquecendo alguém." (Por Ivan Carlo). O Ponto de fuga teve uma casa em frente ao antigo colégio Rutherford, era uma espécie de Squatting onde aconteciam exposições de desenhos, pinturas, teatro, música e algumas outras viagens. Mas, pensando bem, acho que isso é assunto para outra matéria...see you later.

Ricardo Macêdo.
     

Colaboraram nesta matéria : Fábio (ex-punk), Sandro (ex-punk), Sérgio e Bruno Cantuária.
Agradecimentos: Sérgio, Fábio, Sandro, Matheus e a Lu Magno que permitiu escanear algumas imagens em seu computer.  



Mais informações sobre o "Ponto de fuga"
http://ivancarlo.blogspot.com/2009/07/ponto-de-fuga.html
http://monomanniaco.blogspot.com/2008/08/e-zine-cafagestagem-e-o-zine-ponto-de.html

7 comentários:

Acauã Pyatã disse...

Pow cara muito bacana o post! Seria legal se vocês conseguissem alguns desses exemplares e colocassem pra download em PDF

Bruno Cantuária disse...

Isso é algo a se pensar, fique de olho aí que não é difícil de se fazer. O Ricardo vai gostar da idéia e acho também que vai ser só um pé pras trocas de Zines em PDF.

Anônimo disse...

Eu estava lá.
Fiz e faço parte até hoje do PONTO DE FUGA.
O PONTO DE FUGA junto dos movimentos da:FESAT,MALTA DE POÉTAS,CCL,ASSOCIAÇÃO DOS ARTESÃOS DA REPÚBLICA E MAIS UM GRUPO DE REGAGE fizereram parte em uma das maiores esistência cultural por espaço físico de BELÉM e talvez do BRASIL.Essa luta durou serca de 12 anos.
Hoje estou junto com o LUIZ CÁUDIO,buscando maneiras para fortalecer o PONTO,como a que aconteceu na CASA DA JUVENTUDE'QUADROFÓBIA".
Quer saber mais sobre a NAMORADA DA ARTE ou cenas dos próximos capítulos?É só entrar em contato conosco.

faeli disse...

vê mais
fa-l10atte@hotmail.com

faeli disse...

quer vê mais?
fa-l10arte@hotmail.com

Jama Libya disse...

1/Conspiração judaica tupiniquim contra os negros afrobrasileiros
A GLOBO ditadura Vanda lista da comunicação, leviana ardilosa e racista inimiga do povo brasileiro. No Brasil os judeus monopolizam a TV discriminam e humilham as mulheres negras?A MeGaLOBO RACISMO? A violência do preconceito racial no Brasil personagem(Uma negra boçal degradada pedinte com imagem horrenda destorcida é a Adelaide http://globotv.zorra-total/v/adelaide-e-briti-pedem-dinheiro-no-metro/, do Programa Zorra Total, TV Globo do ator Rodrigo Sant’Anna? Ele para a Globo e aos judeus é engraçado, mas é desgraça para nós negros afros indígenas descendentes, se nossas crianças não tivessem sendo chamadas de Adelaidinha ou filha, neta e sobrinha da ADELAIDE no pior dos sentidos, é BULLIYING infeliz e cruel criado nos laboratórios racistas do PROJAC (abrev. de Projeto Jacarepaguá da Central Globo de Produção) da Rede Globo é dominado por judeus diretores,produtores e apresentadores ( OBS. alem destes judeus e judias citados existem centenas de outros e mais de 200 atores, atrizes, comediantes, artistas e apresentadores judeus e judias e milhares de empregados e colaboradores da " Rede Globo Judaica Midiática Brasileira" )como Arnaldo Jabor,Carlos Sanderberg ,Luciano Huck, Jairo Bouer,Luis Erlanger,Marcos Losekann,Marcius Melhem e Leandro Hassum,Vladimir Brichta,Tiago Leifert,Pedro Bassan, Pedro Bial,William Waack,William Bonner & Fátima Bernardes,Ernesto Paglial & Sandra Annenberg, Pedro Doria & Leila Sterenberg, Mateus Solano& Paula Braun, Yvonne Maggie,Mônica Waldvogel,Renata Malkes,Sandra Passarinho,Amora Mautner,Lillian W. Fibe,Esther Jablonski,Patrícia Taufer,Glenda Kozlowski Fernanda Grael, Leila Neubarth,Beatriz Thielmann,Gilberto Braga,Wolf Maya, Mauro Halfeld ,Mário Cohen,Ricardo Waddington,Max Gehringer ,Maurício Kubrusly,Mauro Molchansky,Maurício Sirotsky,Marcelo Rosenbaum,Michel Bercovitch,Fábio Steinberg,Carlos de Lannoy,Roberto Kovalick,Guilherme Weber, Régis Rösing,Caio Blinder,Daniel Filho,Gilberto Braga, Gilberto Leifert, Gilberto Dimenstein ,Walcyr Carrasco,Carlos H. Schroder e o poderoso Ali Kamel diretor chefe responsável e autor do livro Best seller o manual segregador (A Bíblia do racismo,que irônico tem por titulo NÃO SOMOS RACISTA baseado e num monte de inverdades e teses racistas contra os negros afrodescendentes brasileiros) E por Maurício Sherman Nisenbaum (que Grande Otelo, Jamelão , Luis Carlos da Vila e Geraldo Filme chamavam o de racista porque este e o Judeu sionista racista Adolfo Block dono Manchete discriminavam os negros)responsável dirige o humorístico Zorra Total Foi dono da criação de programas e dos programas infantis apresentados por Xuxa(Luciano Szafir)e Angélica(Luciano Hulk) ambas tendo seus filhos com judeus,apresentadoras descobertas e lançadas por ele no seu pré-conceitos de padrão de beleza e qualidade da Manchete TV dominada por judeus sionistas,este BULLIYING NEGLIGENTE PERVERSO da Globo.

Jama Libya disse...

2/Conspiração judaica tupiniquim contra os negros afrobrasileiros
A GLOBO BULLIYING NEGLIGENTE PERVERSO da Globo. Humilhante absurdo e desumano que nem ADOLF HITLER fez aos judeus mas os judeu sionistas da TV GLOBO faz para a população negra afro-descendente brasileira isto ocorre em todo lugar do Brasil para nós não tem graça, esta desgraça de Humor racista criminoso, que humilha crianças é desumano para qualquer sexo, cor, raça, religião, nacionalidade etc. o pior de tudo esta degradação racista constrangedora cruel é patrocinada e apoiada por o Sr Ali KAMEL fascista sionista (marido da judia Patrícia Kogut jornalista do GLOBO que liderou dezenas de judeus artistas intelectuais e empresários dos 113 nomes(Manifesto Contra as contra raciais) defendida pela radical advogada Procuradora judia Roberta Kaufmann do DEM e PSDB e o Senador Demóstenes Torres que foi cassado por corrupção)TV Globo esta mesma que fez anuncio constante do programa (27ª C.E. arrecada mais de R$ 10,milhões reais de CENTARROS para esmola da farsa e iludir enganando escondendo a divida ao BNDES de mais de 3 bilhões dólares dinheiro publico do Brasil ) que tem com o título ‘A Esperança é o que nos Move’, show do “Criança Esperança”de 2012 celebrará a formação da identidade brasileira a partir da mistura de diferentes etnias) e comete o Genocídio racista imoral contra a maior parte do povo brasileiro é lamentável que os judeus se divirtam com humor e debochem do verdadeiro holocausto afro-indigena brasileiro o Judeu Sergio Groisman em seu Programa Altas Horas e assim no Programa Encontro com a judia Fátima Bernardes riem e se divertem.(A atriz judia Samantha Schmütz em papel de criança um estereótipo desleal e cruel se amedronta diante aquela mulher extremamente feia) para nós negros afros brasileiros a Rede GLOBO promove incentiva preconceitos raciais que humilha e choca o povo brasileiro.Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 – REQBRA Revolução Quilombolivariana do Brasil - quilombonnq@bol.com.br