quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sessão Maldita apresenta "Guerra sem cortes", de Brian De Palma.

SEXTA– 11 de junho - às 21:30

Entrada Franca

Título original: Redacted. Direção: Brian De Palma. País/ano: EUA/ Canadá /2007. Gênero: Drama/Guerra. Roteiro: Brian De Palma. Fotografia: Jonathon Cliff. Produção: Mark Cuban. Elenco: Izzy Dias, Patrick Carroll, Rob Devaney, Ty Jones. Cor: Colorido: Duração: 90 min. Classificação etária: 18 anos.

Sinopse:
Um esquadrão de soldados americanos está parado em um posto no Iraque, convivendo com a população local e a mídia instalada na região. Cada grupo destes é afetado pela guerra de forma distinta, e suas histórias são contadas pelas imagens criadas no momento: um soldado produz um vídeo-diário, uma equipe francesa filma um documentário, sites árabes colocam cenas de insurgentes plantando bombas, mulheres mandam mensagens para seus maridos via blogs e o You Tube revela a barbaridade existente na guerra.


Sobre o filme:

O veterano Brian De Palma foi abordado por uma produtora, que lhe ofereceu a chance de realizar um filme com total liberdade, a partir de duas premissas iniciais: um orçamento de US$ 5 milhões e a gravação na íntegra das imagens em formatos digitais, sem uso de película. O resultado é o vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza em 2007, “Guerra sem Cortes”, que será exibido na Sessão Maldita desta sexta-feira (11), ás 21h30, no Cine Líbero Luxardo, com entrada franca.

De Palma, que lera nos jornais sobre o estupro e morte da uma menina iraquiana, inicialmente tencionava criar um documentário real, usando todos os vídeos amadores disponíveis sobre o caso. Com medo de um processo judicial, a produtora sugeriu que ele reencenasse toda a história, utilizando um elenco semi-profissional. O cineasta aceitou a sugestão.

A história aconteceu em março de 2006, na cidade iraquiana de Mahmudiya, que fica ao sul da capital, Bagdá. Quatro soldados norte-americanos estupraram e mataram com um tiro no rosto, e ainda queimaram corpo da menina iraquiana de 14 anos, Abeer Qasim Hamza al-Janabi, em uma ação que terminou com o assassinato de toda a família da garota. O fato teria passado despercebido se um quinto militar que era lotado na mesma unidade e sabia do crime, não houvesse ficado com remorsos e denunciado o caso. O filme ainda mostra outros horrores como o assassinato de uma mulher prestes a dar a luz e uma sequência onde um soldado é decapitado por rebeldes iraquianos como amostra de vingança.

O diretor tem uma proposta primordial, que é mostrar a verdade que a mídia insiste em não apresentar com clareza. Desta forma, prepare-se para uma experiência que é completamente desconfortável. E ele não perde tempo aprofundando personagens. São todos grandes clichês de filmes de guerra: o bobo, o valentão, o bom, o farrista, o nerd. O passado dos soldados, afinal, não é importante. Seu "dever" fala muito mais alto. São os militares, que garantem que o sujeito agiu certo.

Além de bater pesado na política intervencionista dos Estados Unidos, o cineasta também aproveita a oportunidade para realizar uma arrojada experiência estética e tecnológica. Ele conta toda a história utilizando formatos variados de imagem, todos amadores, como se fosse um documentarista reconstituindo um acontecimento a partir de vídeos oriundos de várias fontes: telefones celulares, câmeras de segurança do quartel, sites na Internet, diários gravados pelas câmeras dos soldados, programas de televisão. Enfim, uma coleção de perspectivas, de olhares, de posições de onde se vê uma coisa. Estes artifícios renderam à De Palma uma nova forma de se fazer cinema. O resultado final tem a estética suja e imperfeita de um vídeo amador, o que era de fato o objetivo do cineasta.

Além de simplesmente um filme político, “Guerra sem cortes” é um filme militante, engajado, um filme que engaja – e enoja – pela imagem. Um filme que mostra que, mais que deslumbrar-se pelo poder de sedução da imagem – algo a que muitas vezes o cinema de De Palma foi reduzido –, o poder de criar imagens cinematográficas é um trabalho de responsabilidade e de estabelecimento de limites em relação àquilo que se mostra.

De Palma não poupa ninguém. Para ele, o ato criminoso no Iraque revela a falta de educação, a ignorância cultural, a intolerância e o hedonismo da geração contemporânea de jovens americanos. Assim, não chega a ser uma surpresa que “Guerra Sem Cortes” tenha sido vítima de censura (a versão original da obra terminava com uma seqüência de fotos reais de cadáveres mutilados, cujos rostos o estúdio distribuidor obrigou o diretor a cobrir com tarjas negras) e, também, obtido uma receptividade fria e hostil por parte da crítica caseira.

Guerra Sem Cortes é o filme que não se esperava de Brian De Palma. E, ao mesmo tempo, um filme totalmente coerente dentro de sua obra. Mais do que a denúncia de um crime, Guerra Sem Cortes é um estudo sobre a estupidez humana em seus diferentes níveis.
 
CINE LÍBERO LUXARDO - Fundação Tancredo Neves - Centur Endereço: Av. Gentil Bitencourt, 650, Térreo Tel (91)3202-4321 cinelibero@gmail.com  

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que vai ser muito bom esse filme.