Carla Evanovitch é o nossa entrevistada desse mês de fevereiro. Artista multimídia e ciclista eventual, formada no Curso de Educação Artística pela Universidade Federal do Pará, com habilitação em Artes Plásticas. Faz parte da nova geração de artistas visuais paraenses, tendo sua trajetória marcada por algumas exposições locais, nacionais e uma exposição na Argentina através do Coletivo La Araña Galponera.
1. Para inicio de conversa, fale-nos um pouco de ti. Sinta-se à vontade.
Ninguém me conhece bem o suficiente para falar sobre mim, nem eu mesma. Estou em processo desde que me entendo por gente e isso me assusta todos os dias.
2. Começaste como pintora, o que te levou a deixar (se é que deixou) a pintura e enveredar pelas videoinstalações e intervenções? Já pensou em voltar a pintar ou fazer algo parecido em seus trabalhos atuais?
Verdade. Comecei pela pintura, com representações da cidade, especialmente casarões antigos. Minha relação com a cidade já existia, mas era abordada de outra forma, durante anos produzi bastante, vendi algumas coisas. Mas com o tempo comecei a inserir outros materiais na pintura porque aquilo que fazia não me bastava, então comecei a experimentar papel, madeira, barbante... Buscava alguma coisa nessa matéria até rasgar a pintura e a partir daí dar início ao remendo, era como cavar feridas e depois passar por um processo de cura. Isso se dava tanto de forma “matérica” quanto conceitual. Mas ainda não tinha essa compreensão clara, tudo ainda estava muito desarticulado.
Alguns anos depois, entrei na Universidade e descobri outras formas de criação, comecei a ver a cidade não somente como tema, mas também como suporte, foi quando voltei a produzir e fiz minha primeira intervenção, “Trânsitos Mutantes”, em parceria com Eduardo Wagner e Murilo Rodrigues (esse trabalho fez parte do Arte Pará 2007 e surgiu como resultado de uma disciplina do Curso de Artes Plásticas). O lance das intervenções foi uma contaminação mútua entre Murilo e eu, nossa produção é muito próxima a acabamos fazendo algumas coisas juntos. Mas ele se foca mais nas intervenções e eu no vídeo-instalação. Interesso-me mais em propor um deslocamento mental do espaço expositivo para a rua. E voltar à pintura não, mas, talvez agregá-la as instalações, tô começando a construir na minha cabeça um trabalho que envolve isso tudo.
3. Como foi a experiência de ter ganhado a bolsa de pesquisa e experimentação artística do Instituto de Artes do Pará em 2009?
Foi muito boa, pela primeira vez tive condições de desenvolver uma pesquisa com tranqüilidade, com tempo para refletir sobre meu processo e o produto final que levaria para o espaço expositivo. Essa pesquisa trouxe um amadurecimento para o meu trabalho de talvez demorasse anos para ter, embora eu acredite que Performações Urbanas necessite de mais do que nove meses de pesquisa, os desdobramentos estão ocorrendo inclusive durante a exposição, pelos visitantes. Soube recentemente que algumas pessoas que visitam a exposição após ouvir as histórias deixam dinheiro para doação, não propus isso, nem mesmo esperava essa reação, mas adoro o inesperado.
4. Teu trabalho é extremamente urbano, de onde achas que vêm esta veia que te leva a observar a cidade e propor idéias ligadas a este cenário?
Vem da minha rotina, do transitar pela cidade mesmo. Durante a Bolsa de Pesquisa do IAP, uma das coisas que mais gostava de fazer era pegar ônibus e me perder pela cidade, ver lugares que abrigavam outros lugares, me surpreender com tudo aquilo. Não gosto de conversar com estranhos no ônibus, me distrai e me entendia, a verdade é que meus últimos trabalhos surgiram assim, olhando a cidade pela janela do ônibus, pra mim isso tudo funciona como um portal que me leva pra vida do outro, existe um mundo de possibilidades artísticas na cidade e meu trabalho é basicamente feito de recortes urbanos. O que faço é aproximar o cotidiano da arte.
5. Como você acha que anda o circuito artístico em Belém a partir da nova geração de artistas, propositores e jovens organizadores de mostras de arte?
Estamos passando por um momento de mudanças, de experimentações... Todo mundo quer achar seu lugar, mas ninguém sabe no que vai dar tudo isso. Acho que a nova geração de artistas incomoda e inquieta muito a quem precisa definir e “qualificar” o que fazemos, mas o que temos como verdade hoje, pode se tornar vagas interpretações sobre o que fomos num futuro distante, não sei te responder isso, deixa que os candidatos a críticos de arte respondam...
6. Você já pensou em fazer parcerias com outros artistas paraenses? Tem alguém ou algum trabalho que mexeu com você?
Sim, já tenho parcerias com Murilo Rodrigues em todos os trabalhos que apresentamos, mesmo individualmente, tudo está misturado e a gente brinca dizendo que todos os trabalhos são nossos, porque conversamos muito sobre arte e nos contaminamos frequentemente, mas agora queremos tornar essa parceria mais clara. Também, me interesso por outras parcerias, to esperando rolar...
Gosto muito de vários trabalhos de artistas paraenses, só pra citar alguns: “Permanência”, da Val Sampaio, alguns trabalhos do Armando Queiroz, Melissa Barbery, Mestre Nato, “Deslocamentos” e “Black Bird” do Murilo Rodrigues, “Identidades Móveis” de vocês (Ricardo e Bruno), também gosto muito de alguns artistas da geração 80, Acácio, Jocatos e tantos outros que não pararam de produzir e se propuseram a repensar sua produção...
7. Quais são os artistas mais representativos em teu trabalho de artes visuais, locais, nacionais e do exterior?
Esses dias comecei a olhar com mais atenção para os trabalhos do Robert Wilson e pensar alguns processos inclusive de registro da obra, não como produto final, mas como registro da exposição mesmo. Gosto de pensar em todas as possibilidades de expansão e durabilidade das obras como registro e como conceito.
Ninguém me conhece bem o suficiente para falar sobre mim, nem eu mesma. Estou em processo desde que me entendo por gente e isso me assusta todos os dias.
2. Começaste como pintora, o que te levou a deixar (se é que deixou) a pintura e enveredar pelas videoinstalações e intervenções? Já pensou em voltar a pintar ou fazer algo parecido em seus trabalhos atuais?
Verdade. Comecei pela pintura, com representações da cidade, especialmente casarões antigos. Minha relação com a cidade já existia, mas era abordada de outra forma, durante anos produzi bastante, vendi algumas coisas. Mas com o tempo comecei a inserir outros materiais na pintura porque aquilo que fazia não me bastava, então comecei a experimentar papel, madeira, barbante... Buscava alguma coisa nessa matéria até rasgar a pintura e a partir daí dar início ao remendo, era como cavar feridas e depois passar por um processo de cura. Isso se dava tanto de forma “matérica” quanto conceitual. Mas ainda não tinha essa compreensão clara, tudo ainda estava muito desarticulado.
Alguns anos depois, entrei na Universidade e descobri outras formas de criação, comecei a ver a cidade não somente como tema, mas também como suporte, foi quando voltei a produzir e fiz minha primeira intervenção, “Trânsitos Mutantes”, em parceria com Eduardo Wagner e Murilo Rodrigues (esse trabalho fez parte do Arte Pará 2007 e surgiu como resultado de uma disciplina do Curso de Artes Plásticas). O lance das intervenções foi uma contaminação mútua entre Murilo e eu, nossa produção é muito próxima a acabamos fazendo algumas coisas juntos. Mas ele se foca mais nas intervenções e eu no vídeo-instalação. Interesso-me mais em propor um deslocamento mental do espaço expositivo para a rua. E voltar à pintura não, mas, talvez agregá-la as instalações, tô começando a construir na minha cabeça um trabalho que envolve isso tudo.
3. Como foi a experiência de ter ganhado a bolsa de pesquisa e experimentação artística do Instituto de Artes do Pará em 2009?
Foi muito boa, pela primeira vez tive condições de desenvolver uma pesquisa com tranqüilidade, com tempo para refletir sobre meu processo e o produto final que levaria para o espaço expositivo. Essa pesquisa trouxe um amadurecimento para o meu trabalho de talvez demorasse anos para ter, embora eu acredite que Performações Urbanas necessite de mais do que nove meses de pesquisa, os desdobramentos estão ocorrendo inclusive durante a exposição, pelos visitantes. Soube recentemente que algumas pessoas que visitam a exposição após ouvir as histórias deixam dinheiro para doação, não propus isso, nem mesmo esperava essa reação, mas adoro o inesperado.
4. Teu trabalho é extremamente urbano, de onde achas que vêm esta veia que te leva a observar a cidade e propor idéias ligadas a este cenário?
Vem da minha rotina, do transitar pela cidade mesmo. Durante a Bolsa de Pesquisa do IAP, uma das coisas que mais gostava de fazer era pegar ônibus e me perder pela cidade, ver lugares que abrigavam outros lugares, me surpreender com tudo aquilo. Não gosto de conversar com estranhos no ônibus, me distrai e me entendia, a verdade é que meus últimos trabalhos surgiram assim, olhando a cidade pela janela do ônibus, pra mim isso tudo funciona como um portal que me leva pra vida do outro, existe um mundo de possibilidades artísticas na cidade e meu trabalho é basicamente feito de recortes urbanos. O que faço é aproximar o cotidiano da arte.
5. Como você acha que anda o circuito artístico em Belém a partir da nova geração de artistas, propositores e jovens organizadores de mostras de arte?
Estamos passando por um momento de mudanças, de experimentações... Todo mundo quer achar seu lugar, mas ninguém sabe no que vai dar tudo isso. Acho que a nova geração de artistas incomoda e inquieta muito a quem precisa definir e “qualificar” o que fazemos, mas o que temos como verdade hoje, pode se tornar vagas interpretações sobre o que fomos num futuro distante, não sei te responder isso, deixa que os candidatos a críticos de arte respondam...
6. Você já pensou em fazer parcerias com outros artistas paraenses? Tem alguém ou algum trabalho que mexeu com você?
Sim, já tenho parcerias com Murilo Rodrigues em todos os trabalhos que apresentamos, mesmo individualmente, tudo está misturado e a gente brinca dizendo que todos os trabalhos são nossos, porque conversamos muito sobre arte e nos contaminamos frequentemente, mas agora queremos tornar essa parceria mais clara. Também, me interesso por outras parcerias, to esperando rolar...
Gosto muito de vários trabalhos de artistas paraenses, só pra citar alguns: “Permanência”, da Val Sampaio, alguns trabalhos do Armando Queiroz, Melissa Barbery, Mestre Nato, “Deslocamentos” e “Black Bird” do Murilo Rodrigues, “Identidades Móveis” de vocês (Ricardo e Bruno), também gosto muito de alguns artistas da geração 80, Acácio, Jocatos e tantos outros que não pararam de produzir e se propuseram a repensar sua produção...
7. Quais são os artistas mais representativos em teu trabalho de artes visuais, locais, nacionais e do exterior?
Esses dias comecei a olhar com mais atenção para os trabalhos do Robert Wilson e pensar alguns processos inclusive de registro da obra, não como produto final, mas como registro da exposição mesmo. Gosto de pensar em todas as possibilidades de expansão e durabilidade das obras como registro e como conceito.
8. Como você pensa nos seus trabalhos? Quais as suas referências teóricas e pessoais?
Meu trabalho é muito intuitivo e embora todo trabalho tenha referências, não as enumero porque tudo o que vejo, ouço e leio me afeta de alguma forma. Meus trabalhos trazem meus anseios urbanos, envolve memórias coletivas e experiências sonoras. Referencias teóricas? Regina Melin, Milton Santos, Stuart Hall, Bauman... jornal, revista, TV, pessoas e tudo mais que vejo.
9. Como é ser uma mulher artista no circuito artístico de Belém?
Pessoalmente isso não interfere de maneira alguma, nem de forma positiva nem negativa. Nunca me vi diferente das outras pessoas que fazem arte, mas agora confesso que você me fez pensar sobre isso...rsrsrs
10. Ainda persiste uma mentalidade machista de que as mulheres devem cuidar do marido e da casa, e tentam equilibrar isso com suas realizações pessoais e profissionais lidando com cobranças machistas. Já pensou no fato de ter que um dia conciliar seu trabalho como artista, com "cuidar da casa, lavar, passar, cozinhar, ter filhos, dar aula e ainda ter que ser artista e uma mulher sensual no fim do dia depois de tantas tarefas domésticas e profissionais"?
Existe uma coisa chamada “divisão de tarefas” e pretendo fazer uso disso ao máximo! Tenho um parceiro que divide das mesmas idéias que eu e nunca vai me ver como uma potencial dona de casa, não aprendi a fazer arroz e meu macarrão ainda suplica por sal... isso te responde?
11. Ficamos sabendo que de vez em quando acompanhas a “bicicletada” em Belém. És partidária do movimento?
Partidária? Não sei se é a palavra mais correta, uma vez que minha dedicação ao movimento é esporádica, mas certamente sou simpatizante! Acho o movimento importante e muito atual, contribuo muito mais com conversas e idéias sobre algumas ações através do Murilo Rodrigues que se tornou membro ativo desde o ano passado. Acho que deveria participar mais dessas ações, mas tenho meu próprio tempo e tenho certa dificuldade em assumir compromissos, mas acho que naturalmente irei me envolver.
12. Há pouco tempo atrás o “Novas Médias!?” foi em Belo Horizonte e vimos um movimento artístico alternativo muito forte. A nova geração de lá utiliza o espaço urbano como espaço de experimentação artística, a exemplo disso o Ystilingue, Casa vazia, etc, eles geraram um circuito independente da Academia e dos Salões de Arte. Achas que temos possibilidade de gerar isso aqui? O que falta na tua opinião?
Acho completamente viável a utilização do espaço urbano para essas práticas, a cidade nos pertence e cabe a nós utilizá-la de forma mais inteligente, é claro que para que as ações se potencializem é necessário refletir sobre algumas questões. Compreendo que determinadas ações se articulem melhor dentro de coletivos de arte, por exemplo, ninguém faz intervenção urbana sozinho, é complicadíssimo! E a gente sempre acaba chamando os amigos pra dar uma força de forma descompromissada. Mas nem sempre o processo criativo funciona bem em grupo, produzir com alguém que pense completamente diferente de você não rola, e é ai que tudo complica. Nossa produção é muito individual, mas até que ponto? Difícil dizer...e quando te referes ao Espaço Ystilingue de BH, acho que temos que buscar articular a criação ou o redirecionamento de determinados espaços para estes fins, tudo isso envolve contra-partidas, dinheiro, ninguém aceita por exemplo, tornar um espaço comercial num espaço cultural sem que isso movimente recursos. Em Belém temos o Ná Figueiredo que já dá uma força tremenda. Mas precisamos aprender a fazer essas articulações e construir outros espaços de construção coletiva.
13. Fora as artes visuais, o que gostas de fazer nas horas vagas?
Eu gosto muito de internet e agora estou explorando de forma mais interessante, fuçando sites, descobrindo vídeos de arte e muita bobagem também pra limpar a mente! Rsrsrs
Como tenho sobrinhos bem pequenos vejo e ouço coisas infantis às vezes e me divirto com minha infância tardia e aquela maldita musiquinha da Casa do Mickey que não sai mais da minha cabeça... Ouço muita música em casa, durmo tarde vendo filmes velhos de madrugada e passo muito tempo customizando coisas, adoro costurar, fazer colares, gosto muito da criação, mesmo nas “horas vagas”.
14. Podes nos enviar uma imagem de algum trabalho teu que gostastes muito de fazer e dizer por que gostastes?
Pode parecer paixão de última hora, mas estou completamente tomada de emoção pelos personagens urbanos, por todas as possibilidades que essa pesquisa pode me trazer, sobretudo como ser humano. Me envolvi muito com todas as histórias e o que se vê na exposição é um conceito, parte de um processo que não tem fim, gosto de arte e mais ainda da vida real.
15. Na Galeria Theodoro Braga, em Belém, você participou de um projeto chamado “Atrito” onde três outras pessoas de outras áreas artísticas tinham de efetivar um trabalho ou processo em grupo. Como foi essa experiência?
Foi muito interessante, sempre falo que naquela situação em especial, os diálogos que surgiram depois foram bem mais interessantes do que o acontecimento em si, acho que existem questões conceituais que não são muito claras, como o fato de ir com a mente limpa de idéias... Impossível! Do momento do convite para participar do evento até o momento da ação, nossa mente não pára de buscar soluções, a escolha dos materiais que levamos para a arena já implica em possibilidades claras do que iremos fazer. Entretanto, acho louvável o projeto como um laboratório aberto e gosto desse momento de conversa e troca.
16. Queres deixar algum recado, mensagem ou informe? Se quiseres deixar o endereço do teu blog, site... sei lá, o espaço está aberto.
Bem bacana o espaço que vocês estão criando, não só por abrigar no mesmo endereço eletrônico um pouco de tudo o que está correndo em termos de artes visuais em Belém e coletivizando essas informações, mas também por se propor em abrir para a fala dos novos artistas. Obrigada pelo convite.
Por hora, meu blog funciona muito mais como um portfólio virtual, mas como tudo está em processo... Aí vai o endereço: http://carlaevanovitch.blogspot.com – E-mail: carla_evanovitch@yahoo.com.br
4 comentários:
Ola Novas medias, bem em aspectos gerais parabêns pela abertura desse canal a novos artistas, afinal o mais dificil acredito é o olhar dos que ja estão na "cena" para com os debutantes...
Sobre a artista Carla Evanovich, posso falar que em nossos bate papos, de rodas de discursão, me agrada ver que os novos artistas partilham de um pensamento quanto obra de coletividade, trabalhando de maneira colaborativa com um olhar menos romantico e mais incisivo para com nosso quintal ( amazonia).
Acho que assuntos como os trabalhados de Carla em sua obra-pesquisa tem um cunho muito forte no contexto de ecologia social (ao qual venho pesquisando bastante...e utilizo para meus trabalhos )pois lidam com pessoas-ações-vida do ambiente urbano...
Bruno, adorei a entrevista com a Carla, uma artista séria, dedicada e que realmente está trabalhando meeeesmo, valendo. Parabéns!!!
Orlando
Valeu Orlando. Na verdade as entrevistas são feitas por mim e pelo Ricardo. Não posso levar o crédito sozinho.
Adorei a entrevista com a Carlinha Evanovitch, como disse o Orlando, "essa artista séria, dedicada...". Concordo plenamente. Parabéns a Carlinha tambem pelo bom trabalho que vem mostrando. Acredito no seu crescimento.
Acredito nessa nova geração de artistas paraenses [sem citar nomes, pois graças a Deus são muitos].
Parabéns ao Novas Médias pela iniciativa do blog.
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