quinta-feira, 3 de julho de 2008

CONTIGÜIDADES - Dos anos 1970 aos anos 2000

Vários autores

'Contigüidades' tem curadoria de Orlando Maneschy, Marisa Mokarzel e Alexandre Sequeira, e consultoria de Paulo Herkenhoff. Como explicam os curadores, a mostra é um levantamento da produção visual no Estado ao longo de quatro décadas de história e arte.
Ainda que sem ser uma pesquisa eminentemente histórica, a exposição pontua acontecimentos que marcaram a produção artística no Estado neste período, com a 1ª Bienal Amazônica de Artes Visuais, em Belém, no ano de 1972, que serviu de ponto de partida para o levantamento de informações e obras para a mostra, e, em particular, para a projeção nacional de autores como Nestor Bastos Júnior e Osmar Pinheiro, entre outros. Os anos 70 funcionaram como um grande laboratório para a produção que viria nos anos subseqüentes.
Nesse sentido, passaram a se destacar nomes como Emmanuel Nassar, Dina Oliveira e Valdir Saruby. Nos anos 80, a Fundação Nacional de Arte (Funarte) do Ministério da Cultura passa a desenvolver o projeto 'Visualidade Amazônica', ou seja, a levantar na região expressões populares até então não consideradas como arte.
Nesse processo, que tem como ponto de referência o conceito de visualidade amazônica, a partir de uma obra do poeta João de Jesus Paes Loureiro ('Fontes do Olhar'), um grupo de artistas paraenses brilha com idéias e obras: Osmar Pinheiro, Luiz Braga, Emmanuel Nassar e o próprio Paes Loureiro, entre muitos outros. O projeto teve apoio direto do Governo do Estado na época.

Diálogos - Nesse período, a Semana Nacional de Fotografia, organizada nacionalmente pela Funarte, contribuiu decisivamente para o boom dessa expressão artística no Pará. A fotografia consolida-se no Estado nos anos 90, com a característica de ter uma produção coletiva, e perene até os dias atuais. Nos anos 80 e 90, os salões de arte organizados em Belém são essenciais para um novo momento das artes visuais no Estado e no Norte do País. Um outro espaço importante para as artes visuais em Belém foi o Salão Paraense de Arte Contemporânea, o inesquecível Spac. O Salão durou apenas três anos na década de 90, mas foi singular desde a sua concepção envolvendo a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e a Associação dos Artistas Plásticos do Pará.
Os salões de arte possibilitaram, além da formação de platéia, a ruptura de limites entre as expressões artísticas, o que tornou ainda mais atraente as mostras para qualquer faixa de público. Os salões estimularam os artistas paraenses a participar de programações semelhantes em âmbito nacional. Muitos deles obtendo premiações significativas.Os diálogos nos salões envolvem as linguagens visuais de objetos, instalações, pinturas, vídeos, fotografias e outros. Entre os muitos artistas que se destacam nesse processo figuram Rosângela Rennor, uma mineira que tomou parte do Spac. Essa participação ilustra todo um intercâmbio dos artistas paraenses com autores de outros centros nacionais e do exterior.

Acadêmicos - Nos anos 2000 as artes visuais ganham o impulso com artistas provenientes de cursos de formação superior da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade da Amazônia (Unama), em contraste com os artistas nos anos 80 que eram, em grande parte, de outras áreas do conhecimento, como a Arquitetura, fundamentais na história das artes paraenses.

Daí que em 'Contigüidades' o público vai conferir obras pouco conhecidas, mas bem representativas de autores como Nestor Bastos Júnior, João de Jesus Paes Loureiro (poesia visual dos anos 80), Eduardo Falesi e outros expoentes dos anos 70 até os dias atuais, e, ainda, jovens artistas recém-premiados, como Josynaldo Ferreira, Melissa Barbery, Éder Oliveira e Flávio Araújo. Para montagem da mostra, os curadores e consultor atuam desde dezembro passado, lidando com acervos de colecionadores e galerias.

Nesse sentido, funcionam como fontes de pesquisa o Museu de Arte da UFPA, Museu de Arte do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Unama, Fundação Romulo Maiorana, Estacon Engenharia, acervo dos colecionadores Alex Athias, Peta Falesi, Avertano Rocha, João Batista Klautau Leão, e muitos outros. 'Essa exposição traz a possibilidade de um percurso de leitura da história da arte no Pará', convidam Sequeira, Mokarzel e Maneschy, enquanto labutam entre pinturas, instalações, vídeos, fotografias e esculturas e outras atrações da mostra no Museu Histórico do Pará.
O trabalho dos curadores é sintonizado com Renata Maués, diretora do Sistema Integrado de Museus do Estado (SIM), do qual faz parte o Museu Histórico.
Museu do Estado do Pará - MHEPPraça D. Pedro II, s/n
Dia 22 de junho até o dia 18 de julho 19h
Visitas: de terça a domingo, das 10h às 18h;
de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h;
às terças, a entrada é franca.
Informações: 4009-8838 / 4009-8845.

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