sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Programas de Bolsas 2010 do Ministério da Cultura

FBN/MinC divulga a abertura de prazo para inscrições de propostas em três seleções públicas

A Fundação Biblioteca Nacional, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, divulgou a abertura de inscrições para três Programas de concessão de bolsas. As Decisões Executivas que regulamentam as seleções públicas foram publicadas nesta quarta-feira, 24 de fevereiro, no Diário Oficial da União (Seção 1, páginas 26 a 30).
Até 31 de março, poderão ser encaminhadas propostas para o Programa Nacional de Apoio à Pesquisa, o Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros e o Programa Nacional de Bolsas para Autores com Obras em Fase de Conclusão. Saiba mais sobre as iniciativas:
Apoio à Pesquisa - Seleção de projetos com o objetivo de incentivar a pesquisa e a produção de trabalhos originais a partir do acervo da FBN/MinC para a concessão de até 20 bolsas, pelo período de um ano, nas áreas de Ciências Humanas, Sociais, Linguística, Letras e Artes. Confira o regulamento.
Apoio à Tradução de Autores Brasileiros - Com o objetivo de difundir a cultura e a literatura brasileiras no exterior, o Programa concederá até 20 bolsas, com valores de US$ 1 mil a US$ 4 mil, a editoras estrangeiras para apoiar a tradução do autor brasileiro. Confira o regulamento.
Bolsas para Autores com Obras em Fase de Conclusão - A iniciativa tem por finalidade incentivar a criação literária nacional e reconhecer a qualidade de textos de escritores brasileiros, por meio da concessão de seis bolsas no valor de R$ 6 mil, cada uma, para conclusão de obras. Confira o regulamento.
Informações: www.bn.br; pesquisa@ bn.br e (21) 3095-3887, sobre o Programa de Apoio à Pesquisa; cgll@bn.br e (21) 2220-2057, sobre o Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros; e (21) 2220-1987, sobre o Programa de Bolsas para Autores com Obras em Fase de Conclusão.


IAP promove debate sobre o Oscar


O Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (IAP), já entrou no clima do Oscar. Na próxima segunda-feira, dia 1º de março, haverá um debate sobre a maior premiação do cinema mundial, reunindo membros da Associação dos Críticos de Cinema do Pará, parceira da programação. O debate será realizado logo após a exibição do filme “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Annie Hall), de Woody Allen (Comédia, EUA, 1977). A entrada é franca.

Vencedor de 4 Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz para Diane Keaton e Roteiro Original), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” é um dos filmes mais famosos de Woody Allen. Conta a história de Alvy Singer, interpretado pelo próprio diretor, um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos e acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Logo eles estão morando juntos, mas a felicidade dura só até a chegada das crises conjugais.

O crítico Marco Antônio Moreira explica que neste filme Allen resume de forma poética e inteligente sua visão sobre o amor, os relacionamentos e a vida, criando um estilo de filmar que acabou influenciado várias gerações de cineastas. Allen ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, mas não estava na cerimônia de entrega porque tinha um compromisso mais importante: tocar clarinete num bar conhecido de Nova York.

Após a exibição, haverá um debate com a Associação de Críticos de Cinema do Pará sobre produção, distribuição e mercado cinematográfico. “A intenção é falar sobre o prêmio dentro de um contexto que aborda a sua importância no mercado de exibição, distribuição e produção, entre outros pontos”, explica Marco Antônio.


SERVIÇO: "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Woody Allen, 1977). Exibição nesta segunda, dia 1º de março, às 19h, seguida pelo debate sobre o mercado cinematográfico e o Oscar. Entrada franca. Parceria: Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). O Cineclube Alexandrino Moreira fica no auditório do IAP (Instituto de Artes do Pará), ao lado da Basílica.



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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

BLOG DO CHESTER

Há alguns anos atrás encontrei no Orkut um cara super estranho em uma comunidade de pcs antigos, na época eu queria trabalhar com low Technology e estava atrás de uns pcs antigos...tecnologia arcaica e lenta. Encontrei o blog do Chester, trata de política, video game live, boteco São Bento, Java e um monte de outras coisas legais. Troquei umas idéias com ele, o cara é louco, mas, sabe escrever e publica em seu blog tudo o que encontra de interessante na cidade onde mora. Visitem o espaço, vale a pena . http://chester.blog.br/

Ricardo Macêdo

NOVA GALERIA NA WIRED


Galeria virtual de arte para venda

Artistas como Nelson Leirner, Stela Sokol, Marcelo Silveira e muitos outros estão com trabalhos para venda nesse novo espaço ligado ao site Submarino. Segundo a empresa, esta é a primeira galeria de arte virtual para venda. É interessante dar uma olhada lá, boa parte das imagens tem uma boa resolução. O endereço é:


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Não à divisão do Pará! - Coletiva de Artes Visuais




Em defesa do Estado do Pará, de seu rico patrimônio material e imaterial, artistas paraenses realizarão uma exposição coletiva para sensibilizar a sociedade em geral para este assunto.

Não à divisão do PArá! é uma reação às propostas dos setores mais retrógrados que querem se perpetuar no poder, manter os latifúndios no Estado do Pará, e, de políticos gananciosos que almejam altos cargos públicos. Fazem um jogo capcioso, pregando a divisão como solução para os problemas criados por eles mesmos. Prometem melhorias à curto prazo em seus discursos sedutores: ofertando cargos públicos para os que estão cansados de esperar ações que pacifiquem tanto o nosso campo como as cidades.

Sabemos que para mudar é preciso vontade política, e por isso a sociedade civil se posiciona contra e vem à público fazer valer sua vontade soberana, exigindo que seus representantes assumam o papel que lhes cabe verdadeiramente, e lutem para a melhoria da qualidade de vida, e não separem filhos de uma mesma mãe!

Não à divisão do PArá! tem obras dos artistas Mestre Nato, Ruma, Eliene Tenório, João Cirilo, Arthur Leandro, Jaqueline Souza, Lucia Gomes, Luciana Magno, Raphael Moreno, Ricardo Macedo, Marisa Mokarzel, Bruno Maneschy... , e contará com a presença da Orquestra de Violoncelos da Amazônia, que sob a batuta do Prof. Áureo de Freitas, abrirá oficialmente a mostra dia 23 de fevereiro, nos altos do Museu da UFPA, a partir das 19h.

Serviço

Não à divisão do PArá!

Mostra Coletiva de Artes Visuais

Período: 23 a 27 de fevereiro de 2010
Local: Museu da Universidade Federal do Pará (altos)
Vernissage: 23/02 às 19:00h

Apoio: MUFPA e Orquestra de Violoncelos da Amazônia (Prof. Áureo de Freitas)

Contatos:

Ruma 8111-1946 ruma2@terra. com.br Magno lulumagno@yahoo. com.br
Luciana

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Stewart Home: a perspectiva radical

“A arte não pode ser reformada, ela só pode ser abolida"

Começou, como não poderia deixar de ser, no punk rock. Uma sequência de bandas medíocres e a sua própria mediocridade como guitarrista fizeram Stewart Home abandonar a música. Um dia, olhando uma obra numa exposição, teve um “insight”: “Eu também poderia fazer isso”. “Isso”, no caso, não era a obra em si. A questão que o interessava era: o que é necessário para conseguir pendurar uma peça na parede de uma galeria?

Desde então, Stewart Home tem construído uma trajetória bastante única como “artista” e “antiartista”: exposições, livros de ficção na tradição da “pulp fiction” (“Red London”, “Defiant Pose”), não-ficção sobre o situacionismo, as vanguardas e a antiarte (“Assalto a Cultura”, publicado no Brasil, “Mind Invaders: A Reader In Psychic Warfare”, “Cultural Sabotage And Semiotic Terrorism”), plágios em geral e, principalmente, ações inusitadas e carregadas de críticas contra a arte, suas instituições e a relação de ambas com as ideologias.

“A arte não pode ser reformada, ela só pode ser abolida. Assim, a estratégia cultural progressista nesse período de transição deve ser tornar autônomo o negativo dentro da prática artística”, afirma Home na entrevista a seguir.

O termo “vanguarda” tem origem política. À luz de certos acontecimentos dos últimos anos (com as manifestações dos altermundialistas em Seattle, Praga, Gênova, o movimento contra a invasão do Iraque) e o estado atual do mundo artístico, quais podem ser as relações entre arte e política hoje?

Stewart Home: Sempre achei que “vanguarda” tinha uma origem militar antes de uma origem política e artística. Mas o sentido das palavras muda ao longo do tempo e, mesmo se há muito o que discordar de Adorno, seus avisos sobre o risco de se preocupar excessivamente com a etimologia são válidos.

Falando de arte como ideologia, e não em termos de objetos, ela parece estar ligada ao sensual -enquanto a política e a chamada “ciência política” servem ao capitalismo como representação do racional. Essa divisão arte/política ou sensual/racional é claramente desumanizadora e alienada. Um dos objetivos da ação revolucionária é conciliar o sensual e o racional. Em muito do discurso sobre arte, os artistas aparecem como uma representação abstrata daquilo com que os seres humanos deveriam ser. Não apenas os artistas, mas todos nós deveríamos estar realizando os diferentes aspectos -emocionais, físicos, intelectuais- da nossa espécie.

Exatamente como o capitalismo, do qual é uma parte e um microcosmo, a arte não vai desaparecer por livre e espontânea vontade. Aliás, o fim da arte parece se arrastar indefinidamente na forma de neo- e retro-vanguardas. A vanguarda emerge parcialmente de tradições de iconoclastia religiosa, e como consequência parece não ser nem capaz de viver o fim da arte em silêncio. Pelo contrário, as vanguardas parecem ficar mais estúpidas a cada dia, com todas as suas produções “neocríticas”. O bebê é jogado fora junto com a água do banho, já que no seu esforço para parecer crítica, a vanguarda e sua prole abandonam o sensual sem nem chegar ao racional.

Larry Shiner, no seu recente “The Invention of Art”, argumenta que a arte é uma invenção da sociedade européia do século 18. Quando li isso, lembrei-me imediatamente de “Art, an Enemy of the People”, de Roger Taylor, livro que me deixou bastante contente nos anos 80. Taylor foi o primeiro autor que encontrei cujos argumentos sobre arte não exalavam o cheiro de ovo podre da idéia de Deus. A retórica da Escola de Frankfurt sobre a função crítica e negativa da arte era obviamente idealismo burguês coberto de trapos marxistas. Se o capitalismo cria as condições materiais para o aparecimento da “arte”, é o idealismo alemão que lhe fornece a legitimação ideológica.

Partindo das mesmas fontes filosóficas, Marx concluiu que a atividade humana constitui a realidade por meio da sua práxis. A verdade é processo, o processo de auto-desenvolvimento ou, como Marx colocou, o indivíduo completo do comunismo maduro é um caçador de manhã, um pescador à tarde e um crítico à noite -sem ser nenhum dos três.

Como está acorrentada pela comodificação, a prática artística é uma deformação do desenrolar sensual do eu que será possível quando tivermos chegado à comunidade humana real. O objetivo do comunismo é superar a reificação da atividade humana em áreas desconectadas, como trabalho e lazer, o estético e o político. O comunismo deve salvar a estética do gueto da arte e colocá-la no centro da vida.

Uma das questões mais importantes da política radical hoje parece ser o espaço: a erosão do espaço público, a criação de espaços autônomos, a ocupação de terras, “squatting”. Grupos como o Reclaim the Streets! e os Space Hijackers vêm à mente. Como você relacionaria essas questões à preocupação dos situacionistas com o espaço?

Home: Exceto num nível estritamente espetacular, não vejo muita relação entre os situacionistas e o Reclaim the Streets! Um dos problemas de críticas recentes da vanguarda dentro das quais os situacionistas foram parcialmente subsumidos é a maneira como a “antiarte” é concebida como privilegiando o espaço ao tempo. A consequência disso é que não há muito interesse em examinar a vanguarda teleologicamente. Considero errado concentrar-se no espaço em detrimento do tempo, e vice-versa; mas já que há tanta ênfase na relação espaço-vanguarda, talvez seja útil corrigir esse desequilíbrio dando mais importância ao tempo.

O papel do artista e seu duplo, o “antiartista”, alterou-se sensivelmente ao longo do último século, devido tanto à transição do paradigma moderno ao pós-moderno quanto ao que poderíamos chamar de “efervescência” da tecnologia. Enquanto não seria errado dizer que o século 20 viu a introdução de novas tecnologias de comunicação, não podemos esquecer que o mesmo pode ser dito do século 19 -que pariu a estrada-de-ferro e o telégrafo.

Fala-se muito ultimamente sobre a expansão global de indústrias culturais, e nunca é demais enfatizar que esse fenômeno só pode ser entendido dentro da lógica do capitalismo. Também gostaria de sugerir que o stalinismo e o maoísmo impuseram o capitalismo ao que até então haviam sido sociedades camponesas, e assim a principal característica do século 20 foi a passagem de uma dominação formal à real dominação do capital em escala global.

Como resultado, a produção industrial se moveu para as zonas periféricas do capitalismo, e algumas das indústrias mais avançadas podem ser encontradas hoje em países antes tidos como “atrasados”, da mesma maneira como regiões antes pesadamente industrializadas -como o Meio-oeste norte-americano ou as Midlands na Inglaterra- tornaram-se cinturões de ferrugem. Tudo isso tem um impacto imenso na produção da arte.

Algumas das nações industriais em declínio transformaram a produção cultural e os negócios imobiliários em importantíssimos geradores de riqueza. Assim como é global, a indústria cultural também é altamente localizada -centralizada em lugares como Londres e Nova York. Além disso, a produção cultural é diretamente relacionada ao aburguesamento daquelas que costumavam ser áreas pobres nessas cidades, e o aumento meteórico do preço dos imóveis nessas áreas tem destruído muito da sua personalidade, justamente o que na origem as tornava atrativas às vanguardas (entre os burgueses que se mudavam para lá).

Acho que esse é o contexto histórico daquilo que tanto os situacionistas quanto o Reclaim the Streets! tentaram fazer com o espaço público urbano. Por outro lado, os primeiros eram obcecados com uma constante reconstrução da ponte entre compreensões teóricas desse tipo e a prática (fosse da psicogeografia ou dos tumultos de rua), enquanto o Reclaim the Streets! fracassou em realizar seu potencial tático e estratégico porque era excessivamente obcecado com a idéia de ação direta.

Qual é o legado dos situacionistas? Eles ainda são relevantes taticamente (escândalo, reversão etc.)? Eles ainda estão vivos teoricamente ou o seu pensamento foi recuperado?

Home: Na melhor das hipóteses, o que os situacionistas fizeram foi reformular posições clássicas do comunismo de esquerda como poesia. Por exemplo, em “Sobre a Miséria da Vida Estudantil” (manifesto situacionista): “Quanto aos vários grupelhos anarquistas, eles não possuem nada, exceto uma patética e ideológica fé neste rótulo. Eles justificam todo tipo de auto-contradição em termos liberais: liberdade de expressão, de pensamento, e tralhas deste tipo. Como eles toleram uns aos outros, tolerariam qualquer coisa”. Essas frases estão apenas na tradução inglesa de Chris Gray, e não no documento original.

O problema dos situacionistas é que eles são continuamente recuperados pelos anarquistas, que nunca encontraram o comunismo de esquerda em toda a sua originalidade, nem nunca entenderam a natureza de seu rompimento com a Terceira Internacional. Os situacionistas servem de entrada em debates que são de relevância permanente, mas o movimento comunista é bem mais amplo do que isso. Acho que há muita razão para se fazer uma leitura atenta dos trabalhos de Asger Jorn e Chris Gray, mas isso não pode ser feito às custas de negligenciar Marx ou o trabalho prático.

« Bricolage », « détournement », « copyleft », software livre… Estes são elementos de uma discussão que começou na arte e hoje se espalha por outros campos?

Home: O “détournement” dá um toque político polêmico à noção de “bricolage”. O texto pré-situacionista clássico nessa área é o ensaio “Métodos de ‘Détournement’”, de Debord e Wolman, de 1956. Um filme como “What”s Up, Tiger Lily?” mostra desrespeito completo por um artefato cultural existente e o usa para fazer um trabalho novo: Woody Allen toma um filme de espionagem japonês e o transforma numa história sobre o roubo de uma receita secreta de salada de ovo.

Isso é feito principalmente por meio da dublagem, se bem que algumas cenas com Allen e o Lovin’ Spoonful (grupo pop americano) foram incluídas para fazer o produto mais vendável para jovens americanos dos anos 60. “What’s Up, Tiger Lily?” está mais próximo da noção de “détournement” bem-sucedido de Debord e Wolman que os experimentos cinematográficos de um ex-situacionista como René Vienet.

No seu “Pode a Dialética Quebrar Tijolos?”, um filme de kung fu de Hong Kong dos anos 70 foi redublado para dar um ângulo revolucionário à história. No entanto, Debord e Wolman teorizaram que as formas mais efetivas de “détournement” seriam aquelas que demonstrassem desprezo por todas os modos existentes de racionalidade e cultura, ao passo que aquelas que simplesmente invertiam sentidos preexistentes -como no caso de Vienet, que pega uma trama clássica do cinema de Hong Kong da época (o conflito étnico entre Manchus e Mings) e a substitui por um conflito de classe entre proletários e burocratas- são consideradas fracas. Com base na teoria de Debord e Wolman,What’s Up, Tiger Lily?” deveria ser melhor que “Pode a Dialética Quebrar Tijolos”. Na pratica, eu prefiro o filme de Vienet.

A respeito disso, há um argumento bastante unilateral que eu encontro com frequência -que a prática da vanguarda do início do século 20 teria sido normalizada no interior da arte contemporânea. É verdade, mas apenas até certo ponto, porque, enquanto a técnica da “bricolage” e o tratamento da história da arte inteira como fonte de material para a produção de novos trabalhos foram normalizados, a crítica à instituição da arte que a acompanhava foi jogada pela janela.

Aqui eu me refiro, claro, ao trabalho de Peter Burger, assim como ao envolvimento dos dadaístas de Berlim e da Internacional Situacionista com a esquerda comunista. A vanguarda pretendia integrar arte e vida, e o projeto falhou exatamente porque nem os dadaístas, nem os surrealistas, entenderam direito que a arte ganha sua aparência de autonomia ideológica por meio da sua comodificação.

Agradecimentos à Serven Vieira pelo envio da matéria.

VERBO 2010



Recebemos um email informando que a Galeria Vermelho no período de 15 de dezembro de 2009 a 14 de Março de 2010, receberá projetos na área de PERFORMANCE para a 6ª edição da mostra VERBO. Os interessados deverão preencher a ficha de inscrição disponível para download na home da Vermelho — www.galeriavermelho.com.br, e encaminhá-la para verbo2010@galeriavermelho.com.br, ou via correio para:

MOSTRA VERBO 2010
Rua Minas Gerais, 350
01244-010 — São Paulo - SP A/c Marcos Gallon

A mostra VERBO reune performances, não adiantando mandar registros delas ou vídeos, instalações, etc, restringe-se a ação performática e não ao documento da mesma. Único problema para quem não mora na cidade de São Paulo é que a Vermelho não disponibiliza passagens de avião e nem ônibus. Fica aí a dica, leiam o edital.


http://www.galeriavermelho.com.br/v2/downloads/form_inscricao.pdf

http://www.galeriavermelho.com.br/v2/downloads/info_gerais_2010.pdf

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Blog do P.P. Condurú

Recebi por email que o pintor paraense P.P. Condurú tem um blog, mantido pela PLW - Projetos e Linguagens (o que me parece ser uma pequena empresa de design ou comunicação). No blog pode-se encomendar e comprar obras. Parece que logo mais vão dispor textos, vídeos e discussões do próprio artista. Para acessar, clique aqui: http://ppconduru.blogspot.com/



Abaixo uma definição que encontrei sobre o P.P. Condurú.

Pedro Paulo Góes Condurú nasceu em 1958 em Belém do Pará. Autodidata, vive arte desde a adolescência quando 'devorava' livros de mestres como Van Gogh, Lautrec, Picasso, Rousseau e outros. Em 1978, dois anos após a primeira exposição na Galeria Francesa em Belém, foi morar no Rio de Janeiro, onde fez oficinas de litografia, cartum, quadrinhos e desenho livre na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Também morou em São Paulo em busca de outras expressões, linguagens, trabalhando com lixo urbano e industrial ao mesmo tempo em que pesquisava a arte amazônica, seus traços, raízes. Autodidata também em softwares e sistemas, utiliza o computador para desenhar, pintar, editar vídeos, criar artes gráficas, gravuras... Personalidade artística forte, expressa sua contemporaneidade com liberdade.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Filmes de Camilo Cavalcante


Nesta segunda-feira (22) o Cineclube Alexandrino Moreira do Instituto de Artes do Pará (IAP) exibe sete produções do premiado cineasta Camilo Cavalcante, que ministra esta semana a oficina de Realização em Direção no instituto. Após a exibição dos filmes, haverá bate-papo entre o diretor e o público. A entrada é franca.
Natural de Pernambuco, Camilo Cavalcante produz desde 1995 e sua obra pode ser definida como um cinema onde prevalece a máxima “tudo-ao-mesmo-tempo-agora”. São filmes criados em camadas com histórias secundárias, terciárias e assim por diante, mesmo assim ainda são bastante intimistas.
O cineasta se distribui em personagens, histórias e ambientes para apresentar homens e mulheres únicos e comuns ao mesmo tempo. O Nordeste e sua terra natal são temas recorrentes, mas o que chama a atenção é a forma como o nordestino é retratado.

Em “Leviatã” (1999), um dos filmes desta sessão, confere as angústias de um nordestino recém-chegado à São Paulo. Velocidade, caos, correria e atropelo. Tudo está lá. São sentimentos de quem larga o amor e a vida simples em Pernambuco e parte para a maior metrópole do Brasil e não está preparado para isso. Já “O Velho, o Mar e o Lago” narra a história de um ex-militar, que mora em uma ilha, acompanhado de suas flores e um antigo farol. É quase todo um monólogo do senhor com as suas dores, retratado num lugar remoto. Poderia ser um roteiro de um sonho ou um pesadelo sobre solidão e loucura.
Os dois curtas “Ave Maria”, partes de uma trilogia ainda inacabada, mostram o mundo durante a hora do Angelus (18h). O primeiro “Mãe dos oprimidos” (2003) , retrata a realidade marginal e excluída de Recife. Pessoas que bebem, assistem televisão, andam, dirigem, pedem esmolas, todos ocupados de alguma maneira durante a hora dedicada, na religião católica, à oração. Existe aí, de acordo com o próprio diretor, uma mescla de imagens documentais e de imagens ficcionais. O mais recente, “Mãe dos Sertanejos” (2009) ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Som na 42ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
“Rapsódia para Um Homem Comum” (2005) segue a linha onírica de “Leviatã”. Epaminondas é um funcionário público de classe média baixa nos anos 70. Sua vida é marcada por uma rotina incessante e sua relação com o carimbo e a repetição um dia se encerra quando decidi jogar tudo pro alto e tomar uma atitude brusca. A música e a imaginação aparecem e marcam a história de maneira forte.
“A História da Eternidade” (2003) parece ter sido gravado em apenas um take, mas na verdade se trata de um falso plano-sequência. O curta se debruça sobre os instintos humanos mais cruéis. Cenas e seres bizarros pontuam determinados momentos de forma alegórica. Tudo ali tem significado.
Em “Ocaso” (1997), vemos perfilados, num único movimento de câmera, todos os significados da palavra-título. Cavalcante já esboça aí uma concepção temporal do plano-sequência na qual se aperfeiçoa em seus filmes seguintes.

SERVIÇO

Sessão Camilo Cavalcante no Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (Praça Justo Chermont, nº 236 - Nazaré - ao lado da Basílica). Exibição nesta segunda-feira (22), a partir das 19h, com entrada franca. Realização: Núcleo de Produção Digital Belém (PA).
Informações: 4006 2947.


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Blogs novos





Abriu há pouco tempo dois novos espaços sobre arte, educação e pesquisa na Wired. Um deles trata de educação e pesquisa e chama-se "Arte: Pesquisa e Ensino"(http://artepesquisaensino.blogspot.com/) e é tutoriado pelo Ednaldo Brito que é educador e gestor em Belém. Segundo ele o blog dedica-se a "ser um espaço para a comunicação entre os profissionais que se dedicam a pesquisa e ao ensino das artes visuais nas escolas brasileiras." além de ser, talvez, um futuro catalisador ou mediador entre artistas produtores e professores de arte - algo difícil de de ver por aqui, dado a pouca participação dos professores em palestras, eventos de artistas e vice-versa. O blog ainda está em construção. O outro blog é do Dr. Orlando Maneschy e chama-se "Mirante Território Móvel" (http://miranteterritoriomovel.blogspot.com/). Segundo Orlando o blog "Busca constituir uma teia de compartilhamento de experiências e de projetos que se estabelecem em plataformas diversas, viabilizando um ambiente de reflexão sobre ações de arte contemporânea que tem funcionado por meio da soma de artistas e pesquisadores."No momento há uma lista de editais nacionais sendo divulgada no espaço. Dêem um olho lá. See you...

RICARDO MACÊDO

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bolsa IAP sem mistério.


Como algumas pessoas tiveram dificuldades em achar o edital da "bolsa IAP de pesquisa, experimentação e criação artística", aqui os links vão direto para o EDITAL de bolsas 2010, FORMULÁRIO de apresentação do projeto e o CONTRATO de concessão.

OBS: são aceitos somente projetos inéditos!
Faça tudo com calma, texto, documentos, leia o contrato, etc.

A despeito da imagem ao lado, não espere enriquecer fácil, pois a bolsa do IAP é coisa séria e é preciso comprometimento e muita responsabilidade.

Boa sorte!


Equipe NovasMedias!?

Faleceu Arnaud Rodrigues



O comediante Antônio Arnaud Rodrigues, de 67 anos, faleceu nesta terça-feira, vítima de um naufrágio no Tocantins. Arnaud ficou conhecido por seus trabalhos nos programas de Chico Anysio e com o mesmo formou o grupo musical "Baiano e os Novos Caetanos" nos anos 70. Fez sucesso também como Coronel Totonho, no programa "A Praça é Nossa" com Carlos Alberto de Nóbrega no SBT.

O corpo do ator foi resgatado das águas do reservatório da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães, no Tocantins, no início da noite de terça-feira. O acidente ocorreu por volta das 17h30m, a vinte quilômetros de Palmas, capital do estado.
De acordo com o Copo de Bombeiros, tudo indica que o acidente ocorreu por causa das fortes chuvas que atingiam o local no momento em que o grupo passeava de barco, gerando fortes ondas e virando a embarcação.



Juntamente com o ator estavam no barco mais nove pessoas, entre elas a esposa e dois netos do ator, os quais foram resgatados com vida, bem como um casal de amigos e seus dois filhos.

Entre os desaparecidos estava, até a noite desta terça-feira, um homem identificado apenas como Kiko pelo Corpo de Bombeiros, que seria o piloto da embarcação que foi acidentada. As buscas na superfície do reservatório foram iniciadas logo após o acidente. Por causa da escuridão e do tempo e os trabalhos de resgate foram interrompidos à noite para serem retomados na manhã de hoje.



Para matar saudade do comediante, assistam uma apresentação de e Chico Anysio em Chico City.
Os caras são demais!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

max martins: um caminhar opaco & lento pelo mundo


Que pior epitáfio para um poeta que o de ter seu espólio trancafiado num quarto obscuro? Um ano depois da morte de Max Martins, comprova-se: negligenciado em vida, não se leva sequer a morte do poeta a sério. Desavergonhadamente a venda do espólio de um escritor transforma-se em tribunal: quem dá mais? quanto vale?
Ou de outra: a quem cabe cuidar do acervo de uma vida intensamente produtiva? Os daqui, da cidade onde sempre viveu? Os de lá, onde sempre foi amado em silêncio e presumível indiferença? Havendo quem se interesse, não seria ainda assim um deboche, uma vez que a poesia é a forma mais inútil de expressão? Por vezes essas questões expõem ainda mais o epicentro de um terremoto de vaidades – nada mais, nada menos. Se nem mesmo o espólio de João Cabral de Melo Neto teve como corresponder a um lance de um jogador de xadrez. Foi vendido avidamente pela família em um único lance. Não é de hoje que poetas podem escrever grandes obras sem que aquilo que fazem continue a ter consequências.

Max Martins (assim como João Cabral) não teve como vender a alma ao diabo. Em Belém, sua poesia – ao lado de Mário Faustino –, sempre ocupou posição dominante. Isso sem ser a norma. Max sempre foi a diferença. Livre, nunca foi a previsão. Nunca a confirmação. O que nem de longe poderia abrir-lhe a oportunidade de colocar-se à venda. Um negócio que quase sempre não é bom para os poetas. A eles a alma sempre faz muita falta. À par de todos os que se anunciam e se vendem por aí. Os cadernos culturais fazendo a vez dos classificados. Contudo, a poesia de Max não é uma versão de moralidade. Segue apenas estratégias estéticas divergentes. O que o restringiu a não seguir as infalíveis estratégias de marketing mundanas. É preciso dizer que ainda assim teve um relacionamento com o poder institucional de forma muito modesta e discreta. O que de qualquer forma ajudou a criar um pequeno, porém intenso alvoroço em torno dele e de sua obra.

Era o início dos anos 1980, Max entrava na casa dos sessenta, quando o fim tomava o lugar do todo em sua vida. Ele publica dois de seus livros patrocinados pela Secretaria Municipal de Educação (SEMEC): “O Risco Subscrito” (1980) e “A fala entre parêntesis” (1982), renga com Age de Carvalho. Um ano depois, exatamente na noite de 15 de Dezembro de 1983, uma terça-feira, Max lança no hall do Teatro da Paz, seu sexto livro, a obra-prima “Caminho de Marahu”. Foi um acontecimento. Dizia-se naquela semana: “Todos lá. Todos lá”. E “todos” foram lá. A exemplo do lançamento de “A fala entre parêntesis”, de que há uma foto antológica, de um tempo quase impossível hoje. O tempo tem domínio. E Max não teve como participar dos avanços dos novos meios de comunicação eletrônicos que começaram a nortear, na década seguinte, as relações pela cidade e no mundo inteiro. Ele tinha um contato intenso com o ambiente do afeto, da intimidade, onde não se excluía escrever à mão além dos poemas, cartas, diários, e tinha os passeios, o café pontual das 19 horas em casa, cadeiras na calçada, e finalmente a rede. E, claro, a leitura e o cigarro.

Era essa a sua aposta amigável com a vida. E num momento de intensa exposição, não mais aquela do bate-papo e das rodas, mas a virtual, da imagem sistematizando a vida em todas as dimensões – Max sucumbe. O espaço literário tornara-se um programa interativo. O oposto do espaço público clássico - a cidade pequena, estreita, de rotineiras e familiares colisões. E boa parte da armação da poesia de Max se reveste desses traços. Há o lugar de permanência, o prolongamento das ações, da casa, da rua, do mercado. Tudo como está em “O Estranho” (1952). Mas também em “Colmando a lacuna” (2001), seu último livro. Claro, há as modulações desse permanente retorno aos principais temas e imagens, em que a interatividade com o leitor se estabelece, como um sistema aberto, quase que de comunicação, como se a poesia pudesse se reduzir apenas a isso.

Max sucumbe porque seu mundo sucumbe. É disso que se trata. Uma obra para fora das sistematizações habituais das instituições. Dos arquivos. Da compra e da posse. Que precisa voltar às ruas. Ser reeditada por uma editora de porte, com repercussão segura e resgate crítico ao invés apenas de paráfrases entusiasmadas, coisa que em Belém não tem como acontecer.

Antes de negociar o espólio com quem quer que seja, era o empreendimento que a família deveria fazer. Não é o suficiente, mas um bom começo. A poesia-de-Max-Martins em seu caminhar opaco & lento pelo mundo, mas que é o trabalho e a grande façanha do poeta. A singularidade e as irresoluções de uma obra, muito mais do que a assinatura de um cheque ou a cessão de uma franquia.


Ney Ferraz Paiva http://www.hospiciomoinhodosventos.blogspot.com/

Mini curso para Professores de artes e interessados.

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O projeto Rios de Terras e Águas: navegar é preciso foi selecionado e financiado pelo Programa Petrobras Cultural na categoria Formação/Educação para as Artes: Materiais e Documentação. Teve como proponente a Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA) e como parceira beneficiária a Universidade da Amazônia (UNAMA). O projeto foi idealizado e elaborado petos pesquisadoras Janice Lima, coordenadora de arte e educação. Marisa Mokarzel, coordenadora técnica e Simone Moura.
O objetivo do "Rios de Terras e Águas: navegar é preciso" foi documentar e difundir a obra de seis artistas do Pará, que se encontram interligadas pó-questões patrimoniais, culturais e artísticas e apresentam-se em um contexto cultural local, em que estes buscam suas referências, articulando-as ao espaço mais amplo da arte contemporânea.




Os seis artistas se inserem em um campo identitário diversificado, no qual se discutem questões relativas à memória da cidade observada por Mariano Klautau Filho, o patrimônio imaterial representado pela festa religiosa do Círio interpretada por Jocatos, a memória dos remanescentes dos quilombos captada pelas lentes de Paula Sampaio e a cerâmica marajoara, herança ancestral indígena, reinventada por Lise Lobato. Nestas discussões também se inclui a questão de gênero, que pode ser identificada nas imagens criadas por Elieni Tenório e o processo lúdico provocado pelos tradicionais brinquedos de miriti, que ganham grandes dimensões e readquirem novos significados nas propostas de intervenção de Armando Queiroz.

Material de Apoio
Para a compreensão do projeto que pretendeu desenvolver questões sobre a arte contemporânea, pouco difundida no âmbito do Pará, foram realizados materiais de apoio aos educadores e agentes culturais, compostos por: um livro educativo, contendo imagens e textos referentes aos artistas, sua obra e os referenciais culturais por eles utilizados, e uma proposta pedagógica; um documentário em mídia digital (DVD), mantendo o mesmo princípio que rege o livro e 12 pranchas compostas com: imagens da obra de cada artista e do ambiente que serve de referencial.

Inscrição
As inscrições são GRATUITAS até o dia 26 de fevereiro, sendo feitas pelo site http://www.riosdeterraseaguas.com/ onde você pode baixar a ficha de inscrição para a cidade de Belém, Santa Izabel, Ananindeua ou Abaetetuba.
Na ficha, escolha o dia que quer fazer a oficina (dias 2, 3, 4 ou 5 de Março de 2010).
Após preencher tudo, mande para riosdeterraseaguas@gmail.com.
Cada turma terá duração de oito horas num único dia.

Locais
Belém: Unama Alcindo Cacela - 10 turmas (400 vagas) - 02 a 05 . mar
Ananindeua e Santa Izabel: Unama BR - 1 turma (40 vagas) - 02. mar
Abaetetuba: local indefinido - 1 turma (40 vagas) - 02. mar

INFORMAÇÕES