sexta-feira, 29 de maio de 2009

BICICLETAS BRANCAS VOLTARÃO AS RUAS


Nesta sexta-feira dia 29 de maio a partir da 17h, a exposição Deslocamentos do artista visual Murilo Rodrigues estará deixando as dependências do Banco da Amazônia. Na ocasião, será lançado o catálogo da exposição e ocorrerá o terceiro momento do trabalho, em que as bicicletas brancas deixam o Espaço Cultural do Banco da Amazônia e voltam às ruas, passando a integrar os movimentos ciclísticos e ciclos-ativistas existentes na Grande Belém, propiciando visibilidade aos milhares de ciclistas por opção ou por necessidade que se aventuram no trânsito caótico e atroz que assola nossa cidade.

Esse trabalho surgiu da inquietação acerca dos problemas urbanos que atormentam as metrópoles contemporâneas, neste caso a falta de políticas públicas que beneficiem meios de transporte não poluentes, colocando em risco a vida de quem precisa ou anseia se locomover sobre duas rodas. A excessiva poluição ambiental e sonora provocada pelos engarrafamentos aumenta o caos dos espaços urbanos de grande concentração de serviços, dificultando igualmente o deslocamento, se contrapondo a sua função original de encurtar as distâncias tornando-se mais veloz. “É preciso estimular o uso de bicicletas e criar condições para isso.”

Dessa vez é o movimento BICICLETADA que convida você a participar (pedalar) desta Intervenção Urbana que não é uma particularidade de Belém, uma vez que já vem sendo difundida em praticamente todas as metrópoles brasileiras, tornando-se cada vez mais notória sua existência por agregar diferentes pessoas que se dedicam expressivamente ao movimento e humanização das cidades pelo uso de um meio de transporte não poluente, sintetizado sua fala através do lema “um carro a menos”, sempre que ganha mais um integrante.

No entanto, cabe lembrar que nesse terceiro momento, mais uma vez cada integrante volta a ser autor da obra DESLOCAMENTOS, podendo participar efetivamente de sua materialização. Afinal de contas, é preciso compreender a cidade como um bem de todos!

Uma homenagem aos Provos, ao Critical Mass, ao Bicicletada, ao CicloAtivo, à EART e especialmente a todos e todas que utilizam a bicicleta por necessidade!


OBS.: Indicação de texto para dúvidas quanto aos Provos e Massa Crítica (Critical Mass)
http://www.rizoma.net/interna.php?id=165&secao=mutacao

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Fotografia Paraense Aporta (aportou) em São Paulo

A fotografia paraense ocupa um lugar de destaque no território brasileiro, alcançando repercussão internacional, e uma das referências para esta projeção é a atuação da Associação Fotoativa, iniciada nos anos 1980.
Um pouco desta produção chega neste mês ao SESC – SP, especificamente nas unidades Santana (dia 19) e Pompéia (dia 20), com o projeto “Fotoativa Pará – Cartografias Contemporâneas”, que além de duas exposições, oferecerá ao público seis oficinas e uma série de palestras e debates com artistas, curadores, teóricos e pesquisadores de Belém, Rio de Janeiro e São Paulo (cronograma em anexo). Entre eles estão Angela Magalhães (fotógrafa e pesquisadora), Eder Chiodetto (jornalista), Rosely Nakagawa Matuck (arquiteta e pesquisadora), Rubens Fernandes Junior (pesquisador), Tadeu Chiarelli (pesquisador).
Segundo Mariano Klautau Filho, um dos curadores do evento (ao lado de Orlando Maneschy e Patrick Pardini), a iniciativa “revela diversas vertentes: desde projetos coletivos, relacionados à imagem e cidadania, propostos em oficinas nas quais o processo é o princípio condutor, até a poética de autores que trabalham a fotografia como modo particular de perceber o mundo”.
As mostras, que reúnem 43 artistas, entre figuras renomadas e jovens realizadores, apresentam produções que vão da técnica artesanal Pinhole, passando pelas apropriações da imagem digital e apontando para novos discursos voltados para a condição híbrida das artes, assuntos que também permeiam as demais atividades do evento, fruto de uma parceria inédita entre o SESC e a Fotoativa.
O projeto “Fotoativa Pará – Cartografias Contemporâneas” acontece no ano em que a associação completa 25 anos de existência e integra a programação do SESC para o Mês Internacional da Fotografia de São Paulo.
Fundada em Belém do Pará, em 14 de agosto de 1984, a Associação Fotoativa é uma organização sem fins lucrativos, reconhecida como uma das mais atuantes e criativas entidades do Brasil que trabalham com o processo de aprendizado e prática da fotografia voltada para a construção e exercício da cidadania. Com uma metodologia singular e atenta aos paradigmas emergentes, a Fotoativa desenvolve um leque de atividades práticas e reflexivas sobre o fazer fotográfico e suas possibilidades, constituindo-se em uma referência importante na formação de várias gerações de fotógrafos e educadores que atuam na cena cultural paraense.Mais informações sobre a entidade estão disponíveis pelo http://www.fotoativa.blogger.com.br/ ou pelos contatos (91) 3225-2754 e fotoativa@amazon.com.br.
Serviço: Projeto “Fotoativa Pará – Cartografias Contemporâneas”: exposições de trabalhos de 43 artistas nas unidades do SESC Santana (a partir de 19.05) e Pompéia (a partir de 20.05), até 05.07, e mais palestras, oficinas e debates durante os meses de maio e junho. Informações: (11) 3871-7700 (SESC Pompéia); 2971-8700 (SESC Santana) ou http://www.sescsp.org.br.
Sugestões para entrevistas:
Mariano Klautau Filho – (91) 8871-9521 / marianokf@uol.com.br
Michel Pinho (presidente da Associação Fotoativa) – (91) 9131-3469 / michelpinho@gmail.com
Engraçado que recebi esse texto por email, de várias pessoas, as quais também estão na exposição, mas não sei quem é o autor, nem mesmo quando foi publicado no Jornal Diário do Pará no sábado 16/05. Bruno Cantuária

Sala Eduardo Angelim "HOJE"

Instalação multimídia "Espaços Autônomos" de Bruno Cantuária e Ricardo Macedo interage com a Sala Eduardo Angelim do Museu Histórico do Estado do Pará. A Sala fica no circuito expositivo do museu e é dedicada à Cabanagem, tema abordado pelos artistas neste projeto, que associa a revolução cabocla da Amazônia ao movimento TAZ. Composto por objetos, imagens e vídeo "Espaços Autônomos" discuti marcantes episódios da Cabanagem através de performances que aconteceram em vários pontos de Belém, refletindo sobre a memória e a história da cidade. O projeto foi premiado em 2008 com o Prêmio SIM de Artes Visuais e foi montado pela primeira vez no Laboratório de Artes do Museu Casa das Onze Janelas. O dia 13 de Maio foi escolhido por ser o dia institucionalizado como a expulsão dos cabanos de Belém, em 1835, depois de teram tomado a cidade em uma revolução considerado por estudiosos a única na qual o povo chegou ao poder.





Exposição “Espaços Autônomos”. Aberta de terça a domingo, das 10h às 16h, na sala Eduardo Angelim do Museu Histórico do Estado do Pará.




quinta-feira, 14 de maio de 2009

TAZ... T.A.Z. ...

Taz é um personagem dos desenhos animados Looney Tunes. Taz é um diabo-da-tasmânia, que se locomove num redemoinho e devora tudo que vê pela frente. Taz aparecera apenas em 5 curtas (o primeiro em 1954), mas o marketing e televisão aumentaram sua popularidade, garantindo inclusive um seriado nos anos 90, Taz-Maniae nos EUA, The Tasmany Diab Series.

Zona Autônoma Temporária conhecido por sua sigla T.A.Z.(do inglês Temporary Autonomous Zone) é um dos livros mais notórios escritos por Hakim Bey (pseudônimo de Peter Lamborn Wilson) em 1985. Publicado no Brasil pela Editora Conrad e pelo Coletivo Sabotagem o livro original no inglês está registrado como copyleft.

A idéia sobre uma Zona Autônoma Temporária é de como um grupo, um Bando, uma coagulação voluntária de pessoas afins não-hierarquizadas podem maximizar a liberdade por eles mesmos numa sociedade atual. Em linhas gerais é uma organização para a maximização de atividades prazeirosas sem controle de hierarquias opressivas. Para Hakim Bey, uma TAZ é uma aglutinação de pessoas que se encontra em tamanha complexificidade que se pode dizer que toda uma sociedade está dentro da TAZ. As idéias são semelhantes as apresentadas pelo grupo teórico Bolo Bolo e pelo autor Ivan Illich.

Embora Hakim Bey escreva um livro inteiro sobre TAZ, não é seu intuito definir e fixar formas, ou padrões de como seria uma destas zonas. O máximo que faz é circundar o assunto, lançando algumas explicações gerais. O que chamamos de TAZ desenvolve-se como um levante, algo excepcional na história , que, apesar de muitos classificarem como uma revolução que fracassou, eleva o grau de intensidade da vida e da consciência. A espetacular "Revolução!"- cujos exemplos não passaram de pura simulação, acabando com uma opressão e estabelecendo outra- são desmistificadas no livro, incitando a formação de um novo tipo de revolucionar cotidiano e independente. Visar à liberdade de todos serviu, por muitas vezes, como máscara de interesses particulares e opressores. Do que adianta acreditar que só há liberdade quando todos forem livres? Libertar-se, revolucionar pode partir de um indivíduo, ou de um bando. E é isso que poderiamos colocar como um princípio e possível objetivo da TAZ: liberdade independente e autônoma

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vídeo Espaços Autônomos

Participantes: Bruno Cantuária, Carol Abreu, Erinaldo Cirino, Juliana Tourinho, Lorena Barros, Márcio Campos, Ricardo Macêdo e Temístocles Paulo.

Registros fotográficos: Bruno Cantuária, Carol Abreu, Márcio Campos e Ricardo Macêdo.

Manipulação de imagens: Bruno Cantuária, Carol Abreu e Ricardo Macêdo

Montagem: Bruno Cantuária, Carol Abreu, Márcio Campos e Ricardo Macêdo.

Edição de Vídeo: Ramiro Quaresma

Espaços autonomos no youtube

http://www.youtube.com/watch?v=jvRXEzoYWCs

Espaços autônomos no MHEP

A exposição “Espaços Autônomos”, dos artistas Bruno Cantuária e Ricardo Macêdo, entra novamente em cartaz, desta vez na sala Eduardo Angelim, do Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP). A mostra reúne 53 fotografias e objetos utilizados em intervenções pelas ruas de Belém, que relacionam o movimento da Cabanagem ao conceito de Zona Autônoma Temporária.
Selecionada pelo Prêmio do Sistema Integrado de Museus, a exposição tem como objetivo a formação de um grupo de pessoas de áreas de conhecimento distintas que em regime de colaboração criaram várias situações e ações, ou seja, intervenções urbanas, a partir de alguns trechos de livros como Memorial da Cabanagem ou Pontos de História da Amazônia.
Para pensar tais trechos em imagens fotográficas, os interventores tiveram o intuito de rememorar o período da Cabanagem, refletir sobre a relação do poder público com a população e o trabalho em grupo. “A Cabanagem foi grande mas não foi totalmente esclarecida. Como ela foi um movimento coletivo, resolvemos fazer essa relação: entendemos a Cabanagem como uma Zona Autônoma Temporária”, explica Bruno Cantuária.
Fotos de vários tamanhos distribuídas no espaço físico da sala relacionam-se de forma desconexa e fragmentam o olhar o espectador que é induzido a ligar as informações contidas em cada foto. O projeto foi premiado em 2008 com o Prêmio SIM de Artes Visuais e foi montado pela primeira vez no Laboratório de Artes do Museu Casa das Onze Janelas.

SERVIÇO: Exposição “Espaços Autônomos”. Aberta de terça a domingo, das 10h às 16h, na sala Eduardo Angelim do Museu Histórico do Estado do Pará.
Informações: 40099835 (Diário do Pará)

domingo, 3 de maio de 2009

A PERFORMANCE E AQUELES QUE FAZEM SEU REGISTRO.


Hoje os registros de ação ou de performance no cenário urbano ou no cenário fechado das galerias, subentendem pessoas intervindo ou interferindo em um determinado espaço e agregando ou retirando elementos desse cenário. De alguma forma conectando o homem ao espaço utilizado. Mas, além do público e do artista, um outro personagem hoje se insinua, mesclando-se de forma incisiva a esse cenário físico e subjetivo: aqueles que registram o momento com suas câmeras digitais ou analógicas.

Sim, hoje aquele que efetiva os registros das situações performáticas aparece quase como parte da obra, em alguns casos sua presença acaba sendo revelada pelas imagens captadas por outras máquinas. Essas imagens, que comumente são do artista performer e do espaço utilizado, misturam-se com a presença desse novo voyeur contemporâneo. Cabe aqui uma questão: A presença física daquele que efetiva os registros na cena corrompe o trabalho ou implica um outro nível de apreensão do processo? Sua presença na imagem junto ao performer no espaço de execução do trabalho, rompe com alguns sentidos ou níveis de sustentação da antiga relação público/obra. Pois agora temos: público, obra, meios de registro e pessoas que registram. Sendo que esses meios e essas pessoas que registram, estão se infiltrando no fazer do artista, e acostumando o olhar do público as suas presenças.

Uma analogia bem próxima ao que eu disse acima, pode ser visualizada no antigo teatro de sombras japonês, você vê que há pessoas vestidas de preto manipulando os bonecos, mas, sua presença ali é suporte para que a coisa aconteça. Pois bem, a coisa acontece no ato performático não somente a partir do artista, sabemos que ela irá também acontecer depois, espécie de documento secundário (MELIN, 2008), que irá ser efetivado no espaço virtual ou em outro local. Logo, o manipulador das sombras nada mais é do que aquele que se insere no cenário onde se dá a ação, acabando por fazer parte do processo, pois ele acaba aparecendo na cena.

As pessoas que efetivam o registro estão na cena desta forma e são também um olho que procura o olhar do performer durante o processo, mas, diferente do olhar do público, seu olhar é treinado e é um olhar à mercê dos movimentos do performer e sem a linearidade do olhar do público, acompanham a cena em fragmentos, olhando através de um quadrado.

Outro fator a ser levado em conta é o fetiche de ser observado e registrado. O performer deseja que sua ação tenha continuação muitas vezes em outros meios, deseja muitas vezes ser acompanhado de perto pela máquina digital, pela filmadora portátil em uma relação de quase cumplicidade: “aquele é o olhar que me olha e que me deseja em outros planos, no jornal, na revista, na internet” ou “aquele é o olhar que me espelha, lá posso me ver melhor depois que tudo acabar e os outros também vão poder me ver de novo”. Então, a presença desse terceiro instiga um jogo de trocas, onde desejos entre o registrado (performer) e aquele que registra são colocados na mesa, os dados rolam. Um jogo onde a promessa é cumprida no final das contas: “te dou o registro que fiz de ti se me permitires, mais do que te fotografar, fazer fisicamente parte de tua obra, quero estar dentro daquilo que eu estou à registrar” sendo esse um preço pequeno a ser pago, se formos pensar o destino das imagens após a performance, mas, essa já é uma outra estória.

Ricardo Macêdo é formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará. É artista visual e professor de artes visuais.


BIBLIOGRAFIA

MELIN, Regina. Performance nas artes visuais. / Regina Melin. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

NOVAES, Adauto. O olhar / Adauto Novaes (organizador). – São Paulo: Companhia das Letras, 1998.